Um texto para fazer refletir...
Eu que nasci no ano 1970, sou do tempo em que a escassés de tudo era profunda, portanto, para a satisfação das necessidades básicas da família, as tarefas domésticas eram bem divididas:
Enquanto o pai sai, para a lavoura, pastorícia, pesca, construção ou para a própria emigração, de onde vinha a principal fonte de rendimento, à mãe cabia tomar conta da educação dos filhos e gestão geral dos afazeres domésticos.
Ninguém ousava dizer " não faço"! A disciplina era rigorosa e o respeito era mantido mesmo entre irmãos. Para no final do dia, os animais estarem todos alimentados com o pasto que havia que buscar a quilómetros de distância; os potes e bidões abastecidas com a água das nascentes, chafarizes ou poços que quando não cabia sorte de estar perto de casa, a distância chega a ser superior a dez quilometros; a lição para a escola do dia seguinte preparada, a casa limpa a cinza do fogão de pedra deitada fora; a lenha do dia seguinte pronta para aquecer a cachupa para o quebra jejum.
Quando vinha o tempo das águas a rotina de trabalho mudava completamente. Ninguém amanhecia na cama. O sol apanhava as famílias no campo, desde a sementeira às mandas e nestes intervalos cabia às crianças, que normalmente nos encontrávamos de férias, ajudar os espantálhos a afastar as pragas maiores: Galinha do mato (pelada) , corvo (em extinsão) e macaco.
Assim, minha geração cresce e hoje somos quase cinquentões. Vários poderam concluir o ensino básico, alguns continuaram o Liceu - no único que havia na ilha de Santiago, "Domingos Ramos"-, poucos foram à universidade e hoje todos temos a dignidade e o orgulho de ter pertencido a uma geração que ganhou a cultura do trabalho e incorporou em si a Consciência de que a vida deve ser ganha com suor e sacrifício. Independentemente da profissão que abraçamos ou do nível social que as regras da sociedade ditar. O certo é viver do nosso trabalho com honestidade, responsabilidade e espírito de que a cada dia deixamos nossa contribuição para o crescimento da comunidade e em troca sermos compensados com o justo salário.
Hoje que somos pais, ao olharmos para a geração de nossos filhos, nos perguntamos: o que será desta nação e da produção, quando ficarem sozinhos com a sua cultura do esforço mínimo? Desejando ter carros bonitos, Sapatilhas da marca cara, os melhores telemóveis e uma suite na praia, dormindo até às dez da manhã, copiando todo o conteúdo do trabalho académico na Internet, levando cábulas para os testes e não se importando com a forma de ganhar a vida de seus pais!
Estará bem assim? Ou ajustes precisam ser feitos?
Nos próximos 20 anos, seguindo a lógica da nossa esperança de vida, minha geração começa a morrer. E dentro de quatro décadas, já teremos desaparecido. Este é o tempo que temos para reverter a situação, caso contrário, depois de nós, outros povos, voltarão a colonizar nossos filhos. Pois, o trabalho foi, é e será sempre a base da riqueza e do poder.
Quem não trabalha é miserável e será escravo daquele a quem Deus deu o previlégio de desafiar os limites de sua capacidade e produzir para si e para os seus.
Paulo Varela
Enquanto o pai sai, para a lavoura, pastorícia, pesca, construção ou para a própria emigração, de onde vinha a principal fonte de rendimento, à mãe cabia tomar conta da educação dos filhos e gestão geral dos afazeres domésticos.
Ninguém ousava dizer " não faço"! A disciplina era rigorosa e o respeito era mantido mesmo entre irmãos. Para no final do dia, os animais estarem todos alimentados com o pasto que havia que buscar a quilómetros de distância; os potes e bidões abastecidas com a água das nascentes, chafarizes ou poços que quando não cabia sorte de estar perto de casa, a distância chega a ser superior a dez quilometros; a lição para a escola do dia seguinte preparada, a casa limpa a cinza do fogão de pedra deitada fora; a lenha do dia seguinte pronta para aquecer a cachupa para o quebra jejum.
Quando vinha o tempo das águas a rotina de trabalho mudava completamente. Ninguém amanhecia na cama. O sol apanhava as famílias no campo, desde a sementeira às mandas e nestes intervalos cabia às crianças, que normalmente nos encontrávamos de férias, ajudar os espantálhos a afastar as pragas maiores: Galinha do mato (pelada) , corvo (em extinsão) e macaco.
Assim, minha geração cresce e hoje somos quase cinquentões. Vários poderam concluir o ensino básico, alguns continuaram o Liceu - no único que havia na ilha de Santiago, "Domingos Ramos"-, poucos foram à universidade e hoje todos temos a dignidade e o orgulho de ter pertencido a uma geração que ganhou a cultura do trabalho e incorporou em si a Consciência de que a vida deve ser ganha com suor e sacrifício. Independentemente da profissão que abraçamos ou do nível social que as regras da sociedade ditar. O certo é viver do nosso trabalho com honestidade, responsabilidade e espírito de que a cada dia deixamos nossa contribuição para o crescimento da comunidade e em troca sermos compensados com o justo salário.
Hoje que somos pais, ao olharmos para a geração de nossos filhos, nos perguntamos: o que será desta nação e da produção, quando ficarem sozinhos com a sua cultura do esforço mínimo? Desejando ter carros bonitos, Sapatilhas da marca cara, os melhores telemóveis e uma suite na praia, dormindo até às dez da manhã, copiando todo o conteúdo do trabalho académico na Internet, levando cábulas para os testes e não se importando com a forma de ganhar a vida de seus pais!
Estará bem assim? Ou ajustes precisam ser feitos?
Nos próximos 20 anos, seguindo a lógica da nossa esperança de vida, minha geração começa a morrer. E dentro de quatro décadas, já teremos desaparecido. Este é o tempo que temos para reverter a situação, caso contrário, depois de nós, outros povos, voltarão a colonizar nossos filhos. Pois, o trabalho foi, é e será sempre a base da riqueza e do poder.
Quem não trabalha é miserável e será escravo daquele a quem Deus deu o previlégio de desafiar os limites de sua capacidade e produzir para si e para os seus.
Paulo Varela
COMMENTS