Morte ficou sorrindo, pela primeira vez sorriu para a mulher, e a mulher ficou convencida de que ela já não ia morrer pelo menos enquanto houver aquele senhor que estava na sua frente.
Enquanto sentia uma preguiça que lhe assombra a espinha, ao mesmo tempo desejava ter uma pessoa para fazer tudo o que ela queria enquanto o tempo passava. O mundo podia acabar, mas ela queria estar ali sentada vendo telenovelas alugado no vídeo clube que fica ao lado da sua casa, gostava do material no formato vídeo cassete em especial representada pela modesta Kodak, ela sentia um toque clássico e romântico.
Ela é uma mulher dos seus metro e sessenta e vinte e cinco anos, com um corpo ainda cru, que se podia sentir com os olhos já que a sua mama estava sempre num estado teso, os lábios permaneciam sempre carnudos, mesmo quando comia bife mais gostoso que possa haver na hora de jantar, passa batão de dês em dês minutos olhando no espelho, as vezes passava um pouco de pó de arroz e voltava para sua sofá embrulhando nos seus pensamento de malandra e erótica olhando a telenovela de nome brega e chique.
A campainha tocou, e ela sentada com uma preguiça que aumentava em cada toque, desejou que o seu cachorrinho fosse gente para abrir aquela porta que se situava a três passos do sofá onde ela esta sentada.
-mas quem ousa vir a casa das pessoas esta hora. Disse para si mesmo com algum incómodo.
Levantou e dirigiu diretamente para a porta. Abrindo a aporta, atinou com um homem negro de pele fina e de olhos verdes e cabelos loiros, estava vestido de um fato branco religiosamente esticada combinado com uma etiqueta de primeiro mundo, que quando um preto atinge nenhum branco resta para contar a história.
-Boa tarde digníssima Lady.
Ela ficou embasbacada e espantada com a dimensão da beleza do homem, mas também da anormalidade daquele ser humano que nunca ela viu na vida, é claro que pelo olhar da mulher ficou titubeando na cabeça dela, - mas porquê que não ficou branco de uma só vez?
-Boa tarde.
Respondeu com uma simpatia e um sorriso como se fosse entregar tudo ao pobre homem que ela acabara de conhecer.
-Fui destacado para lhe servir até a morte. Mas não me autorizaram dizer mais nada sobre este assunto!
Ela uma mulher extremamente malandra e não importava com nada da vida e estava nas tintas pelas explicações que possam vir de qualquer coisa da vida que a circundava, só importava ter uma pessoa para mandar fazer os afazeres e os desfazeres.
Cara a cara com o homem ela disse.
-Se é assim tudo bem, só me resta ti receber na minha humilde casa.
-O que é que eu tenho que fazer?
-O que você quiser. Desse a mulher.
Eu não sei o que fazer numa casa nova, ainda por ser uma casa em que uma pessoa já tem o domínio de tudo o que esta dentro.
A mulher respondeu.
-bem, falando sobre “dentro”! Aproveito para lhe dizer então. Qual é a primeira coisa que um homem faz com uma mulher sozinha “dentro” de uma casa?
O homem ficou sem saber o que dizer, grunhiu a testa, tirou um pequeno bloco começou a escrever todo o comportamento da mulher.
-deseja ainda mais alguma coisa? Disse o homem
-bem depois queria tomar um banho, depois de trepar quero que me destrepe no colo a escada abaixo, quero que me ponha comida na boca e a outra coisa já sabes nê… que continua a passar me por debaixo das penas.
-o que uma mulher tem de evitar nesses tempos de incertezas, é que passe tudo por debaixo das pernas, se possível pegar tudo com a ponta dos pés. Com as pontas dos pés é mais segura e mais chique numa mulher.
A mulher deu um sorriso maroto. Mas o desejo não deixou ela entender nada.
O homem escreveu tudo para não escapar nada, nenhum detalhe e em momento algum. Ele aproximou da mulher e do sofá, apanhou o telecomando e interrompeu a telenovela que ela estava vendo. Mulher olhou meio espantada e encabulada e um pouco de fúria para o homem.
-mas já?
-sim, já são dês e meia da manhã e ainda não fizeste o higiene corporal e dentária e nem sequer tomou o pequeno-almoço e pelos dados sanguíneos, insulina e de açúcar estão um pouco instáveis devido a fraca alimentação. Mas o que andaste a fazer?
A mulher virou a cara para o chão, correu as mãos nos cabelos e voltou a sentar, respondeu de forma magoada.
-preguiça de fazer alguma coisa. Preguiça as vezes até de viver, sabe as vezes tenho a sensação que não sirvo nem para morte.
O homem ficou espantado como se aquele espanto fosse o seu primeiro sentimento que tinha observado nela em anos da sua vida.
-Então o que andaste a fazer em todos os dias?
-Levanto bem cedo as vezes lavo a boca e ponho água na cara e venho assistir a televisão e as vezes faço outras coisas, mas nada serio de se ver, tenho uma paixão enorme pela malandrice, o meu dom é ter um homem bonito, rico e que realize os meus caprichos.
O homem deu duas voltas pela sala ignorou a pretensão e o desejo da mulher, olhou pela janela voltou a cara para a mulher.
-então odora o lixo? Na minha primeira olhada pela casa só avistei o lixo, até ati mesma pareces um lixo. Ainda mais lixo é o que vês pela televisão, porque já aprendeste exatamente a falar os lixos que vem dali, pareces uma PCA da lixeira. Como se chama o canal que assistes todos os dias?
-Televisão do Plano e da Tramaria. (TPT)
- O que esta na moda neste momento no mundo, é a venda do lixo. Uns vendem os lixos com a mão nas mercearias, nas lojas e nos minimercados, outros vazam na sala e nos quartos da tua casa através da televisão e da rádio e outros lançam pelo olhar, agora o lixo do olhar, é um lixo especial, é necessário ter a sensibilidade das pontas dos dedos para senti-las.
Mulher olhou, ouviu, e caiu no sofá.
O homem foi a frente dela meteu a mão pelas coxas e tirou-a do sofá, pelo seu braço esculpido e músculo forrado pela pele negra, transportou a mulher para a casa de banho abriu o chuveiro, a mulher acordou com o cair da água morna do chuveiro. Ela olhou para o homem com um olhar de desejo que se podia ouvir ela dizendo mesmo sem falar.
-quero te comer e sentir esta pele negra e finíssima, mais ainda estes músculos muito bem limados.
O homem entrou debaixo de chaveiro com ela começou a lava-la com gel de banho que ela tinha comprado devido ao teor da publicidade que se deu na televisão. Ela ficou espetada olhando o corpo do homem molhado com a sua farda ensopada que os músculos apertavam até o limite.
-Não faz nada?
O homem só olhava, e ela começou a tocar lentamente no seu mamilo e outras provocações que resolveu fazer, terminado de tomar banho que o homem lhe deu, embrulhou-a numa toalha grande como se ela fosse um hambúrguer pronto a ser comido. O homem lhe disse.
-Não faz ideia de quem eu possa ser?
-não, não faço a mínima ideia, a única ideia que faço agora é que quero morrer de desejo no teu corpo e sentir a tua carne na minha carne, venha.
-Eu sou a morte.
De forma curta e fria o homem lhe disse quem ele era. A mulher enquanto louca em cima da cama esperando a vara do homem penetrando nela. Morte aproximou da mulher tirou um lencinho branquíssimo por uma banda e negríssimo por outra banda e estendeu em cima da cama da mulher e olhou profundamente nos olhos da mulher que olhou pelos detalhes faciais do homem e reparou que ainda não tinha visto um homem tão estranho e bem misto neste mundo.
Os dois em silêncio observando um ao outro. Em cima da cama.
-é assim que a morte aparece então? Falou baixinho a mulher.
- A morte tem muitas formas e esta é só uma das muitas formas.
A mulher desatou a rir sem parar, empurrou a morte para longe dela e rolou na cama pensando que tudo aquilo era um jogo que aquele homem estava fazendo com a ideia de tornar o clima mais quente. Morte ficou enfurecido com a pouca importância que a mulher estava dando para sua pessoa, mas Morte estava perguntando ao mesmo tempo o porquê dele ainda não ter terminado o serviço de uma só vez e ir embora para fazer outro trabalho.
- Porquê que não te faço nada? Porquê que ainda não te levei para cima? Disse Morte para a mulher calmamente.
A mulher ficou olhando para ele, agora com um cara mais seria com a ideia de que já começará a acreditar na história do homem.
-se és a morte, me prova da tua existência?
A Morte se despiu na frente da mulher em todo o seu esplendor eterno, a mulher ficou espantada e deu um grito marota e tapou a boca com a mão.
-o que é? Fala comigo, não fica assim.
A morte já começava a preocupar com a mulher, uma preocupação que nem ele sabia se era preocupação, Morte que antes só preocupava em tirar a vida em provocar a desgraça aos outros, o que a morte gostava é provocar o sentimento de perda nas pessoas, ele adora provocar o sentimento de saudades. Mas naquele momento a vítima era ele, o tempo estava se escasseando e ele tinha que decidir se levava a sua querida ou a deixava, mas se deixasse uma alma para trás tinha que responder ao seu patrão. No meio de um mar de pensamentos que vinham em convulsões a morte ouviu a mulher lhe perguntando.
-me diga quem é o seu patrão ou os teus patrões.
Morte ficou em silêncio, olhando fixamente na mulher, aproximou da mulher com o seu lencinho abriu a palma da mão esquerda e ergueu a mão direita para tirar a alma da mulher num impulso súbito entrou numa dor e arrependimento na consciência, mas o que a morte queria era um beijo da mulher, mas não sabia pedir o corpo queimava de desejo, não sabia dizer o que sentia, afastou da mulher e ficou a birrar por toda parte da casa.
Passados vinte minutos com a acalmia da Morte, a mulher aproximou dele e sentou no seu lado e perguntou.
-Porquê que no lugar de órgão sexual tens teia de aranha?
- Imaginas desde que o mundo é mundo, uma pessoa esta seguindo o mundo, se o mundo é velho a morte também é velho, se o mundo acumula história, a morte tem teia de arranha dando a ideia que somente eu é que sou inútil e sem uso. A morte não tem história, a morte tem o lixo como o ser humano tem uma apetência pelo lixo.
A mulher convencida de que já não há remedio, realmente a morte já perdeu a hora de voltar para a casa e para prosseguir o seu trabalho, ficava sorrindo enquanto sentia a mão da Morte, mas ela lembrou do que tinha dito para a morte.
- Eu tinha razão.
-Razão sobre o quê? Disse Morte para a mulher.
-eu não sirvo nem para morrer.
Morte ficou sorrindo, pela primeira vez sorriu para a mulher, e a mulher ficou convencida de que ela já não ia morrer pelo menos enquanto houver aquele senhor que estava na sua frente. Mas Morte já começava ficando preocupado, enquanto ele estava com a mulher naquela casa a pessoas no mundo inteiro estavam a morrer só não estavam morrendo no Tarrafal lugar onde a mulher vivi.
- Algo não esta certa, se só eu sou a morte, se eu não sai daqui e não recolhe as últimas almas que estão na minha lista como é que pode haver mortes, neste momento, no Iraque, no Afeganistão, nos hospitais da América, Europa, e Africa, ainda o Boko Aram esta matando mas eu não arranquei as almas. Morte entrou em pânico.
Mulher levantou e dirigiu-se para frente da Morte e deu-lhe um abraço e o aconselhou no ouvido.
-acalma-te homem, nesses milhões de anos nunca descansaste, tente dormir hoje comigo, amanha é um novo dia.
A morte sentiu uma paz inexplicável que lhe assombrou o corpo e a alma, se tem, e caiu na cama com a mulher num sono profundo ao lado dela.
Assim por um dia no Tarrafal ninguém mais morreu, e ficou marcado como a única cidade do mundo que a morte passou a noite sem levar uma única alma, mas o que faltava saber era o porquê de a morte não ter ido embora, o porquê de a morte ter sido enrabichado por uma mulher tarrafalence.
Mário Loff
Primeira parte
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