Eu não sei como é que as pessoas são capazes de culpar outras sem que analisem com calma e serenidade as circunstâncias que deram azo ao erro que, ao fim e ao cabo, poderá ser de um colectivo ou de parte dele.
A Dr.ª. Janira carregou um “finado” ao hospital pensando que era um “moribundo”. Ela não deverá ser culpada pelas derrotas de 20 de Março e de 04 de Setembro.
Talvez ela tenha pecado em não analisar o percurso do PAICV, nos últimos quinze anos de mandato e de governação de JMN, antes de apresentar a sua candidatura à presidência do partido. Aliás, a fragilidade do partido iniciou-se antes das eleições presidenciais, desde 2011 a esta data, em que houve um desconforto de vária ordem dentro do partido e que prevalece até hoje.
A ambição dos jovens em quererem alcançar determinado patamar nas suas carreiras, seja de ordem profissional ou política, faz com que, muitas vezes, não analisem profundamente as consequências futuras e isso determinou que a Drª Janira esteja hoje a sofrer na pele os erros dos outros. Faltou-lhe maturidade política e penso que ela foi mal aconselhada neste processo desde a sua candidatura à presidência do partido - se é que ela teve um conselheiro.
Havia condições suficientes para uma profunda análise antes de tomar a decisão da candidatura à presidência do partido: o país estava (e continua) endividado com uma elevada taxa acima de 120%; já não havia condições para o crescimento da economia; a insegurança crescia de forma estrondosa no seio da população; dizem por aí que os amigos e militantes de base do partido estavam abandonados; muita arrogância da parte dos senhores da direcção do partido e do chefe do governo; a saída do primeiro-ministro para o estrangeiro para apresentar o seu livro à comunidade cabo-verdiana na diáspora como se se tratasse de uma plataforma governativa, e muito mais. Na qualidade de uma jovem com ambição política deveria ter adiado essa possibilidade para o futuro.
No entanto, a Drª Janira deveria ser louvada pela coragem que teve ao assumir os destinos do partido nas condições em que estava. Ela conseguiu um bom resultado nas legislativas elegendo 29 deputados; já o resultado das autárquicas não poderia ter sido outro.
Nenhum membro do partido conseguiria livrar o PAICV das derrotas de 20 de Março e de 04 de Setembro. Mesmo que vedassem as fotos dos candidatos nos cartões de voto, os resultados seriam os mesmos. O povo estava tão saturado dos últimos quinze anos de governação do PAICV que nem se importou em conferir quais as funções que correspondem às legislativas e às autárquicas e votou em massa no MpD (tomando como exemplo as várias promessas do que compete ao governo central nessas campanhas eleitorais autárquicas).
Entretanto, Cabo Verde está de parabéns e mais uma vez o povo cabo-verdiano demonstrou que as regras democráticas, neste aspecto, são respeitadas e fez a sua legítima escolha pondo fim a hegemonia política do PAICV, abrindo espaço para o crescimento democrático e político em Cabo Verde.
Vamos agora aguardar e ver se a hegemonia política do MpD elevará o estado das ilhas de Cabo Verde.
Francisco B. Bettencourt, fonte:asemana
Talvez ela tenha pecado em não analisar o percurso do PAICV, nos últimos quinze anos de mandato e de governação de JMN, antes de apresentar a sua candidatura à presidência do partido. Aliás, a fragilidade do partido iniciou-se antes das eleições presidenciais, desde 2011 a esta data, em que houve um desconforto de vária ordem dentro do partido e que prevalece até hoje.
A ambição dos jovens em quererem alcançar determinado patamar nas suas carreiras, seja de ordem profissional ou política, faz com que, muitas vezes, não analisem profundamente as consequências futuras e isso determinou que a Drª Janira esteja hoje a sofrer na pele os erros dos outros. Faltou-lhe maturidade política e penso que ela foi mal aconselhada neste processo desde a sua candidatura à presidência do partido - se é que ela teve um conselheiro.
Havia condições suficientes para uma profunda análise antes de tomar a decisão da candidatura à presidência do partido: o país estava (e continua) endividado com uma elevada taxa acima de 120%; já não havia condições para o crescimento da economia; a insegurança crescia de forma estrondosa no seio da população; dizem por aí que os amigos e militantes de base do partido estavam abandonados; muita arrogância da parte dos senhores da direcção do partido e do chefe do governo; a saída do primeiro-ministro para o estrangeiro para apresentar o seu livro à comunidade cabo-verdiana na diáspora como se se tratasse de uma plataforma governativa, e muito mais. Na qualidade de uma jovem com ambição política deveria ter adiado essa possibilidade para o futuro.
No entanto, a Drª Janira deveria ser louvada pela coragem que teve ao assumir os destinos do partido nas condições em que estava. Ela conseguiu um bom resultado nas legislativas elegendo 29 deputados; já o resultado das autárquicas não poderia ter sido outro.
Nenhum membro do partido conseguiria livrar o PAICV das derrotas de 20 de Março e de 04 de Setembro. Mesmo que vedassem as fotos dos candidatos nos cartões de voto, os resultados seriam os mesmos. O povo estava tão saturado dos últimos quinze anos de governação do PAICV que nem se importou em conferir quais as funções que correspondem às legislativas e às autárquicas e votou em massa no MpD (tomando como exemplo as várias promessas do que compete ao governo central nessas campanhas eleitorais autárquicas).
Entretanto, Cabo Verde está de parabéns e mais uma vez o povo cabo-verdiano demonstrou que as regras democráticas, neste aspecto, são respeitadas e fez a sua legítima escolha pondo fim a hegemonia política do PAICV, abrindo espaço para o crescimento democrático e político em Cabo Verde.
Vamos agora aguardar e ver se a hegemonia política do MpD elevará o estado das ilhas de Cabo Verde.
Francisco B. Bettencourt, fonte:asemana
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