Por que 53% dos jovens cabo-verdianos pensam deixar o país
Dados recentes indicaram que 53% dos nossos jovens pensam deixar o país e aventurar-se lá fora. A juventude é, em qualquer lado, o recurso mais valioso de uma nação. Mas porque a nossa juventude vive cá pensando lá?
Salvo melhor opinião, considero que os jovens pensam em emigrar pelos motivos que passo a elencar:
1° - Em Cabo Verde quando um jovem recém formado vai à procura do seu primeiro emprego, um dos primeiros requisitos com que se embate é EXPERIÊNCIA MÍNIMA DE 4 ANOS. Logo desiste.
Penso que já é altura de incluirmos nos planos curriculares, uma disciplina denominada de "Experiência mínima de 5 anos", pois só assim jovens recém formados vão encontrar o seu primeiro emprego;
2° - O Governo de Cabo Verde prometeu aos jovens 9 mil postos de trabalhos dignos anuais. Entretanto, hoje, não se fala noutra coisa senão, em formação e estágios profissionais;
Agora, eu pergunto: um jovem que passou 4 ou 5 anos a fazer uma licenciatura, gastando milhares de contos, depois de ter combatido um dos bichos de sete cabeças, a Monografia, é razoável exigir-lhe ainda que se candidate para uma vaga de formação profissional no IEFP para depois concorrer a um estágio profissional de 3 a 6 meses, onde vai receber um subsídio de 13 mil escudos?
Ora, eu acho que não. Até porque os estágios profissionais não passam de um grande exercício de marketing político, governamental e eleitoral.
3° - Em Cabo Verde, em algumas Instituições de direito público, há um sistema montado para condicionar os jovens no acesso às funções de que tanto almejaram e para as quais tanto lutaram.
Dou um exemplo: a Ordem dos Advogados de Cabo Verde (OACV) , instituição que eu faço parte, mesmo sabendo que falar da (Des OACV) é correr um grande risco e, além do mais, é como fazer "papa no mar"
Mas vejamos:
Outrora, para se inscrever na OACV era exigido aos recém formados em Direito uma quantia de 12 mil escudos.
Agora, a OACV entendeu que este valor era baixo, por isso, de noite para dia, aumentou o valor de inscrição para 25 mil escudos, alegando que o aumento da taxa de inscrição visa fomentar a formação dos Advogados Estagiários.
Mesmo sendo o valor um autêntico absurdo para um recém formado, paga-se atempadamente e na íntegra os 25 mil escudos, na convicção de que brevemente se vai iniciar o exercício do ofício conforme manda os Estatutos.
Entretanto, nos termos da deliberação tomada num dos órgãos da própria OACV, as formações teriam lugar no dia 18 de fevereiro.
Ora, hoje é 1 de Maio, dia internacional do Trabalhador, e a OACV não se dignou dizer-nos absolutamente nada com relação às formações.
Mas mais, nos termos da lei, o estágio tem duração máxima de 14 meses. Todavia, na prática a sua duração tem sido no mínimo de 2 anos e tal.
Ademais, depois da fixação da taxa de inscrição para o valor de 25 mil escudos, a Bastonária passou a gozar de um SUBSÍDIO MENSAL no valor de 100 mil escudos. Como se não bastasse, passamos a saber que ela é também assessora do Ministro de Estado de Cabo Verde.
4° Em Cabo Verde, são pouquíssimos os jubilados que ousam emitir uma opinião crítica de forma aberta. Imaginem agora um jovem recém formado.
Logo aparecerão vários Camões cabo- verdianos para verem as vírgulas, as pontuações, falta de s, t, z etc, etc. Mais ainda, o jovem é visado, conotado e medidas serão desencadeadas no sentido de condicionar e barrar aquele pobre jovem.
Revoltante é que em Cabo Verde os jovens não se unem à volta de uma causa comum, a não ser nos festivais. Aqui em Cabo Verde cada qual prefere sofrer no seu cantinho, por medo de represálias. Mais grave ainda, aquele que reivindica legitimidade em nome de todos, muitas vezes é mal visto e falado no seio dos seus pares.
E é isso que mais me entristece, o silêncio dos bons.
MAS, eu sonho com um Cabo Verde melhor um dia.
E tudo farei, para, um dia, eu ser a mudança que tanto reclamo ver no meu país.
E isso é possível, mas é preciso: sonhar, acreditar e lutar.
Seidy de Pina
Salvo melhor opinião, considero que os jovens pensam em emigrar pelos motivos que passo a elencar:
1° - Em Cabo Verde quando um jovem recém formado vai à procura do seu primeiro emprego, um dos primeiros requisitos com que se embate é EXPERIÊNCIA MÍNIMA DE 4 ANOS. Logo desiste.
Penso que já é altura de incluirmos nos planos curriculares, uma disciplina denominada de "Experiência mínima de 5 anos", pois só assim jovens recém formados vão encontrar o seu primeiro emprego;
2° - O Governo de Cabo Verde prometeu aos jovens 9 mil postos de trabalhos dignos anuais. Entretanto, hoje, não se fala noutra coisa senão, em formação e estágios profissionais;
Agora, eu pergunto: um jovem que passou 4 ou 5 anos a fazer uma licenciatura, gastando milhares de contos, depois de ter combatido um dos bichos de sete cabeças, a Monografia, é razoável exigir-lhe ainda que se candidate para uma vaga de formação profissional no IEFP para depois concorrer a um estágio profissional de 3 a 6 meses, onde vai receber um subsídio de 13 mil escudos?
Ora, eu acho que não. Até porque os estágios profissionais não passam de um grande exercício de marketing político, governamental e eleitoral.
3° - Em Cabo Verde, em algumas Instituições de direito público, há um sistema montado para condicionar os jovens no acesso às funções de que tanto almejaram e para as quais tanto lutaram.
Dou um exemplo: a Ordem dos Advogados de Cabo Verde (OACV) , instituição que eu faço parte, mesmo sabendo que falar da (Des OACV) é correr um grande risco e, além do mais, é como fazer "papa no mar"
Mas vejamos:
Outrora, para se inscrever na OACV era exigido aos recém formados em Direito uma quantia de 12 mil escudos.
Agora, a OACV entendeu que este valor era baixo, por isso, de noite para dia, aumentou o valor de inscrição para 25 mil escudos, alegando que o aumento da taxa de inscrição visa fomentar a formação dos Advogados Estagiários.
Mesmo sendo o valor um autêntico absurdo para um recém formado, paga-se atempadamente e na íntegra os 25 mil escudos, na convicção de que brevemente se vai iniciar o exercício do ofício conforme manda os Estatutos.
Entretanto, nos termos da deliberação tomada num dos órgãos da própria OACV, as formações teriam lugar no dia 18 de fevereiro.
Ora, hoje é 1 de Maio, dia internacional do Trabalhador, e a OACV não se dignou dizer-nos absolutamente nada com relação às formações.
Mas mais, nos termos da lei, o estágio tem duração máxima de 14 meses. Todavia, na prática a sua duração tem sido no mínimo de 2 anos e tal.
Ademais, depois da fixação da taxa de inscrição para o valor de 25 mil escudos, a Bastonária passou a gozar de um SUBSÍDIO MENSAL no valor de 100 mil escudos. Como se não bastasse, passamos a saber que ela é também assessora do Ministro de Estado de Cabo Verde.
4° Em Cabo Verde, são pouquíssimos os jubilados que ousam emitir uma opinião crítica de forma aberta. Imaginem agora um jovem recém formado.
Logo aparecerão vários Camões cabo- verdianos para verem as vírgulas, as pontuações, falta de s, t, z etc, etc. Mais ainda, o jovem é visado, conotado e medidas serão desencadeadas no sentido de condicionar e barrar aquele pobre jovem.
Revoltante é que em Cabo Verde os jovens não se unem à volta de uma causa comum, a não ser nos festivais. Aqui em Cabo Verde cada qual prefere sofrer no seu cantinho, por medo de represálias. Mais grave ainda, aquele que reivindica legitimidade em nome de todos, muitas vezes é mal visto e falado no seio dos seus pares.
E é isso que mais me entristece, o silêncio dos bons.
MAS, eu sonho com um Cabo Verde melhor um dia.
E tudo farei, para, um dia, eu ser a mudança que tanto reclamo ver no meu país.
E isso é possível, mas é preciso: sonhar, acreditar e lutar.
Seidy de Pina
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