Através da cultura respiramos e transmitimos essa essência mínima que enriquece o todo universal.
Texto publicado por Jorge Carlos Almeida Fonseca...
Mensagem alusiva ao Dia Nacional da Cultura e das Comunidades – 18 de Outubro
1. A nossa cultura, medrada nestes mais de cinco séculos, é a nossa maior riqueza, e é o que, de facto, nos liga decisivamente, estejamos onde estivermos.
O dia 18 de Outubro, aniversário natalício de Eugénio Tavares, é uma data que utilizamos como pretexto para reafirmar a nossa condição de cabo-verdianos espalhados por esse vasto mundo, unidos pelos laços indestrutíveis que só a Cultura pode tecer, alimentar e perenizar.
Neste dia Nacional da Cultura e das Comunidades que simboliza a expressão de um sentimento comum, profundo e verdadeiro, que espelha o orgulho de sermos filhos desta terra querida, sinto-me particularmente honrado e privilegiado de ter, na qualidade de Chefe de Estado, a responsabilidade de promover a união entre todos os cabo-verdianos, incluindo, naturalmente, todos os que vivem no estrangeiro.
Se a nação cabo-verdiana se exprime pela unidade da língua, da cultura, de hábitos, de instinto de ligação à terra mãe e pela unidade de projecto quanto ao futuro, a ninguém mais do que a um cabo-verdiano da emigração deve ser reconhecida a pertença a essa grande família.
Na perseguição do sonho de uma vida melhor, nem sempre bem sucedido, partiram os cabo-verdianos para os Estados Unidos, para o Senegal, para o Brasil, para a Argentina, para São Tomé, para a Guiné, para Angola, para Moçambique e, mais modernamente, à descoberta da Europa. Constitui este conjunto humano assim distribuído pelas sete partidas do mundo, em termos estatísticos, talvez o dobro da nossa população residente nas ilhas; ele não é um excedente da nação, mas sim constitutivo à nação.
Com regozijo, verificamos que, nas sociedades em que se inserem, os cabo-verdianos vêm ocupando, pela sua competência, saber e dedicação, as mais elevadas posições na hierarquia social e profissional, dando assim um contributo assinalável ao desenvolvimento e ao progresso dos países de acolhimento. Terá dito alguém, e muito bem, que o cabo-verdiano transportará consigo uma das várias nacionalidades que as circunstâncias da vida puseram nos seus caminhos mas, no seu coração, transporta um só sentimento de pertença - o de ser Cabo-verdiano. É neste sentimento que ele se sente mais livre, que ele se sente mais realizado, que ele se sente mais solidário.
Esta parcela da nação cabo-verdiana está e estará sempre no centro das atenções do Presidente da República, traduzidas, primeiramente, numa actuação que promova o reforço do seu sentimento de pertença a esta Nação, através do estímulo a acções que tenham em vista o recorte da identidade cultural e a ampliação da sua participação política.
Daqui de Cabo Verde, continuaremos a viver intensamente os sucessos dos nossos patrícios radicados no exterior. Como Chefe de Estado, neste Dia da Cultura e das Comunidades, tenho distinguido personalidades cabo-verdianas, bem como instituições, espalhadas pelo mundo, pelo trabalho meritório feito em prol da inclusão social e da integração das nossas comunidades, da promoção da cultura e da defesa de valores como a independência, a liberdade e a democracia.
Angustiam-me, naturalmente, os problemas que afligem, ainda, as nossas gentes, particularmente nos contextos de crise, e, muito especialmente, as dificuldades dos que se encontram em países onde ainda não conseguem ter as necessidades mínimas satisfeitas. Em relação a estas, prosseguirei, com denodo, os esforços junto às autoridades nacionais e às desses países no sentido de se conseguir a melhoria possível das suas condições de vida.
No estrito respeito pela Constituição da República, continuarei a envidar esforços no sentido de defender a adopção de medidas que facilitem adequada integração dos emigrantes cabo-verdianos nos países de acolhimento e, muito particularmente, das segundas gerações que enfrentam, em certos países, dificuldades de integração.
Incito as nossas comunidades emigradas a continuarem a se afirmar como activos participantes, e não meros espectadores, desta grande e auspiciosa ventura de construir Cabo Verde, de consolidar a sua independência, a sua democracia, a sua liberdade e promover o bem-estar do seu povo, colocando o seu saber, a sua competência, o seu empenho ao serviço do desenvolvimento desta Pátria que é de todos nós.
2. Hoje celebramos igualmente mais um dia em que a nossa cultura está no centro das atenções. O nosso planeta é constituído por quase duas centenas de países e se multiplicarmos as diversas culturas que constituem todos estes povos, ficamos com uma ideia da riqueza cultural que caracteriza a Humanidade. A nossa também é parte dela e representa uma síntese de povos diferentes, linguagens diferentes, costumes diferentes, que formaram um caldo único e indivisível, ao longo de séculos.
Esta é a nossa forma muito própria de existir. Através da cultura respiramos e transmitimos essa essência mínima que enriquece o todo universal. Recebemo-la dos nossos antepassados e levamo-la connosco pelo mar afora, passando-a de geração em geração, como testemunho da nossa pegada histórica. Na música, na poesia, na ficção, no teatro, na dança, nas artes plásticas, mas também em todas as manifestações da nossa arte popular, encontramos as raízes da nossa árvore comum. E são os ramos dessa árvore-mãe que tenho encontrado nas minhas diversas deslocações, quer nas ilhas quer na diáspora. Vejo como frutifica a nossa herança cultural, junto dos nossos seniores, mas também das novas gerações, orgulhosas deste legado vital. E um Presidente junto das pessoas tem significado isso mesmo, porque as pessoas são tudo o que importa nesta nação. Elas são história e cultura. Presente e futuro.
A mole do nosso tecido humano e o garante da nossa perpetuação. Se os homens e as mulheres que nos visitavam, até há pouco tempo, levavam com eles breves pinceladas da nossa cultura, o nosso país consegue, hoje, chegar mais longe, fazer-se ouvir e ver junto de outros povos. Se a nossa música serviu de porta-bandeira ou cartão-postal para este pequeno país, internamente resgatámos escritores e compositores; os nossos artistas saíram por esse mundo fora, em digressões, e o reconhecimento da qualidade da nossa literatura chegou com dois Prémios Camões para Cabo Verde – Arménio Vieira e Germano Almeida.
A publicação de livros por editoras nacionais, sempre com enorme esforço, os lançamentos de obras poéticas, de ficção e ensaio, assim como as livrarias e os festivais de literatura que sazonalmente movimentam o país, trouxeram um novo fôlego ao nosso meio literário, sem esquecer a presença dos nossos escritores em certames, além-fronteiras. Mas também celebramos o teatro, com o Festival Mindelact, que este ano completa o marco dos 25 anos, e que mudou a face desta arte entre nós. O triunfo da coreógrafa Marlene Freitas nos palcos internacionais, e que nos faz sentir ainda maiores e mais valorizados.
Artistas, escritores e agentes culturais, quer criando quer divulgando, nunca é de mais dizê-lo, são os nossos melhores embaixadores, a vanguarda que melhor expressa aquilo que é a nossa identidade, aquilo que constrói a nossa consciência enquanto povo e nação. Gostaria de, neste dia simbólico para nós, cujo patrono, Eugénio Tavares, sintetiza muito bem as nossas qualidades e aspirações, destacar outro aspecto que é o direito de todos os cidadãos cabo-verdianos ao acesso à cultura, que está constitucionalmente consagrado. O dever dos poderes públicos em garantir o acesso físico e a melhor distribuição dos equipamentos culturais, assim como de uma visão da cultura enquanto bem económico inestimável, importante para o desenvolvimento de um país.
Tudo isto sem esquecer, naturalmente, a formação de públicos para as várias expressões culturais, começando pelos mais jovens. A cultura é o elemento principal que caracateriza uma nação em relação a outra. E neste dia 18 de Outubro, em que celebramos a Cultura e as Comunidades, envio calorosas saudações a todos aqueles que contribuem para que a nossa cabo-verdianidade brilhe lá onde quer que estejam. Que continuem a trabalhar para a sua preservação e sua singularidade, desta que é a nossa maior herança, que revela a nossa forma de pensar e agir.
Mensagem alusiva ao Dia Nacional da Cultura e das Comunidades – 18 de Outubro
1. A nossa cultura, medrada nestes mais de cinco séculos, é a nossa maior riqueza, e é o que, de facto, nos liga decisivamente, estejamos onde estivermos.
O dia 18 de Outubro, aniversário natalício de Eugénio Tavares, é uma data que utilizamos como pretexto para reafirmar a nossa condição de cabo-verdianos espalhados por esse vasto mundo, unidos pelos laços indestrutíveis que só a Cultura pode tecer, alimentar e perenizar.
Neste dia Nacional da Cultura e das Comunidades que simboliza a expressão de um sentimento comum, profundo e verdadeiro, que espelha o orgulho de sermos filhos desta terra querida, sinto-me particularmente honrado e privilegiado de ter, na qualidade de Chefe de Estado, a responsabilidade de promover a união entre todos os cabo-verdianos, incluindo, naturalmente, todos os que vivem no estrangeiro.
Se a nação cabo-verdiana se exprime pela unidade da língua, da cultura, de hábitos, de instinto de ligação à terra mãe e pela unidade de projecto quanto ao futuro, a ninguém mais do que a um cabo-verdiano da emigração deve ser reconhecida a pertença a essa grande família.
Na perseguição do sonho de uma vida melhor, nem sempre bem sucedido, partiram os cabo-verdianos para os Estados Unidos, para o Senegal, para o Brasil, para a Argentina, para São Tomé, para a Guiné, para Angola, para Moçambique e, mais modernamente, à descoberta da Europa. Constitui este conjunto humano assim distribuído pelas sete partidas do mundo, em termos estatísticos, talvez o dobro da nossa população residente nas ilhas; ele não é um excedente da nação, mas sim constitutivo à nação.
Com regozijo, verificamos que, nas sociedades em que se inserem, os cabo-verdianos vêm ocupando, pela sua competência, saber e dedicação, as mais elevadas posições na hierarquia social e profissional, dando assim um contributo assinalável ao desenvolvimento e ao progresso dos países de acolhimento. Terá dito alguém, e muito bem, que o cabo-verdiano transportará consigo uma das várias nacionalidades que as circunstâncias da vida puseram nos seus caminhos mas, no seu coração, transporta um só sentimento de pertença - o de ser Cabo-verdiano. É neste sentimento que ele se sente mais livre, que ele se sente mais realizado, que ele se sente mais solidário.
Esta parcela da nação cabo-verdiana está e estará sempre no centro das atenções do Presidente da República, traduzidas, primeiramente, numa actuação que promova o reforço do seu sentimento de pertença a esta Nação, através do estímulo a acções que tenham em vista o recorte da identidade cultural e a ampliação da sua participação política.
Daqui de Cabo Verde, continuaremos a viver intensamente os sucessos dos nossos patrícios radicados no exterior. Como Chefe de Estado, neste Dia da Cultura e das Comunidades, tenho distinguido personalidades cabo-verdianas, bem como instituições, espalhadas pelo mundo, pelo trabalho meritório feito em prol da inclusão social e da integração das nossas comunidades, da promoção da cultura e da defesa de valores como a independência, a liberdade e a democracia.
Angustiam-me, naturalmente, os problemas que afligem, ainda, as nossas gentes, particularmente nos contextos de crise, e, muito especialmente, as dificuldades dos que se encontram em países onde ainda não conseguem ter as necessidades mínimas satisfeitas. Em relação a estas, prosseguirei, com denodo, os esforços junto às autoridades nacionais e às desses países no sentido de se conseguir a melhoria possível das suas condições de vida.
No estrito respeito pela Constituição da República, continuarei a envidar esforços no sentido de defender a adopção de medidas que facilitem adequada integração dos emigrantes cabo-verdianos nos países de acolhimento e, muito particularmente, das segundas gerações que enfrentam, em certos países, dificuldades de integração.
Incito as nossas comunidades emigradas a continuarem a se afirmar como activos participantes, e não meros espectadores, desta grande e auspiciosa ventura de construir Cabo Verde, de consolidar a sua independência, a sua democracia, a sua liberdade e promover o bem-estar do seu povo, colocando o seu saber, a sua competência, o seu empenho ao serviço do desenvolvimento desta Pátria que é de todos nós.
2. Hoje celebramos igualmente mais um dia em que a nossa cultura está no centro das atenções. O nosso planeta é constituído por quase duas centenas de países e se multiplicarmos as diversas culturas que constituem todos estes povos, ficamos com uma ideia da riqueza cultural que caracteriza a Humanidade. A nossa também é parte dela e representa uma síntese de povos diferentes, linguagens diferentes, costumes diferentes, que formaram um caldo único e indivisível, ao longo de séculos.
Esta é a nossa forma muito própria de existir. Através da cultura respiramos e transmitimos essa essência mínima que enriquece o todo universal. Recebemo-la dos nossos antepassados e levamo-la connosco pelo mar afora, passando-a de geração em geração, como testemunho da nossa pegada histórica. Na música, na poesia, na ficção, no teatro, na dança, nas artes plásticas, mas também em todas as manifestações da nossa arte popular, encontramos as raízes da nossa árvore comum. E são os ramos dessa árvore-mãe que tenho encontrado nas minhas diversas deslocações, quer nas ilhas quer na diáspora. Vejo como frutifica a nossa herança cultural, junto dos nossos seniores, mas também das novas gerações, orgulhosas deste legado vital. E um Presidente junto das pessoas tem significado isso mesmo, porque as pessoas são tudo o que importa nesta nação. Elas são história e cultura. Presente e futuro.
A mole do nosso tecido humano e o garante da nossa perpetuação. Se os homens e as mulheres que nos visitavam, até há pouco tempo, levavam com eles breves pinceladas da nossa cultura, o nosso país consegue, hoje, chegar mais longe, fazer-se ouvir e ver junto de outros povos. Se a nossa música serviu de porta-bandeira ou cartão-postal para este pequeno país, internamente resgatámos escritores e compositores; os nossos artistas saíram por esse mundo fora, em digressões, e o reconhecimento da qualidade da nossa literatura chegou com dois Prémios Camões para Cabo Verde – Arménio Vieira e Germano Almeida.
A publicação de livros por editoras nacionais, sempre com enorme esforço, os lançamentos de obras poéticas, de ficção e ensaio, assim como as livrarias e os festivais de literatura que sazonalmente movimentam o país, trouxeram um novo fôlego ao nosso meio literário, sem esquecer a presença dos nossos escritores em certames, além-fronteiras. Mas também celebramos o teatro, com o Festival Mindelact, que este ano completa o marco dos 25 anos, e que mudou a face desta arte entre nós. O triunfo da coreógrafa Marlene Freitas nos palcos internacionais, e que nos faz sentir ainda maiores e mais valorizados.
Artistas, escritores e agentes culturais, quer criando quer divulgando, nunca é de mais dizê-lo, são os nossos melhores embaixadores, a vanguarda que melhor expressa aquilo que é a nossa identidade, aquilo que constrói a nossa consciência enquanto povo e nação. Gostaria de, neste dia simbólico para nós, cujo patrono, Eugénio Tavares, sintetiza muito bem as nossas qualidades e aspirações, destacar outro aspecto que é o direito de todos os cidadãos cabo-verdianos ao acesso à cultura, que está constitucionalmente consagrado. O dever dos poderes públicos em garantir o acesso físico e a melhor distribuição dos equipamentos culturais, assim como de uma visão da cultura enquanto bem económico inestimável, importante para o desenvolvimento de um país.
Tudo isto sem esquecer, naturalmente, a formação de públicos para as várias expressões culturais, começando pelos mais jovens. A cultura é o elemento principal que caracateriza uma nação em relação a outra. E neste dia 18 de Outubro, em que celebramos a Cultura e as Comunidades, envio calorosas saudações a todos aqueles que contribuem para que a nossa cabo-verdianidade brilhe lá onde quer que estejam. Que continuem a trabalhar para a sua preservação e sua singularidade, desta que é a nossa maior herança, que revela a nossa forma de pensar e agir.
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