Mito ou realidade
Mito ou realidade
HAVIA UM CEMITÉRIO SÓ PARA “BRANCOS” NA ILHA DO FOGO?
Alguns investigadores dizem que não, mas na verdade quem visitar hoje o “Cemitério de Baixo” ou “Cemitério dos Brancos” como é também é conhecido pode ficar com ideia de que nesse cemitério só era enterrada gente rica ( proprietários de origem europeia) que tinham capacidade para construir esses mausoléus que se vê na foto.
A presença desses mausoléus dos então barões da ilha (Barbosa Henriques, Barbosa Vicente, Barbosa Monteiro, Vasconcelos, Macedo, etc.) a presença desses mausoléus , por si só, não prova que havia discriminação no enterro dos mortos (sepulturas mais simples de pessoas mais humildes -negros e mulatos- podem simplesmente ter desaparecido com o passar do tempo)
O Cemitério de Baixo, construído por volta de 1845 no alto da praia de Fonte Bila, no concelho de S.Filipe, foi originalmente um cemitério privado e só depois passou a ser um cemitério publico. Segundo a tradição oral da ilha este cemitério era destinado exclusivamente aos brancos, isto é, à aristocracia local ( pessoas abastadas ou pelo menos com um certo poder económico)
CEMITÉRIO DOS POBRES
O Cemitério dos Pobres seria o Cemitério de Cima, em Achada Forca, mas este foi construído muito mais tarde, por volta de 1855 quando uma epidemia de cólera abalou a ilha. Apesar do nome nesse cemitério teria também sido enterrada “gente branca”, como no Cemitério dos Brancos teria sido enterrada pessoas pobres . Há ainda um terceiro cemitério no concelho de S.Filipe onde eram enterrados os morgados e suas esposas.
SOB O SIGNO DA DIVISÃO
Como dizia o escritor Teixeira de Sousa “antigamente, o macaco morava na rocha, o negro no funku , o mulato na loja (caixeiro) e o branco no sobrado “.
A Ilha do Fogo foi, desde sua povoação, marcada por uma rígida estratificação social, baseada na cor da pele mas também no poder económico e matriz cultural.
Como a maioria da população era negra (escravos) e a minoria branca era predominantemente homens, o distanciamento racial foi se reduzindo e a miscigenação acabou por criar o “mulato”, mas a elite branca, que se orgulhava de sua ascendência aristocrática , a elite branca se casava entre si ( para preservar o sangue e também os bens da família eram frequentes os casamentos entre primos e outros parentes próximos como realçam os investigadores António Jorge Delgado e Gilda Barbosa).
Essa divisão social não se manifestava apenas nos casamentos ou funerais .
A própria morfologia da cidade de S.Filipe evidenciava essa divisão, com dois bairros bem delimitados ( Bila Baxu e Bila Riba ) separados por um grande paredão que veio a dar origem ao que hoje é o Alto de S.Perdo, que marca a fronteira entre esses dois mundos. De acordo com a tradição oral os “brancos ‘ moravam nos sobrados em Bila Baxu , enquanto os pobres habitavam Bila Riba.
A divisão social também se notava nas manifestações religiosas ou mesmo culturais.
Na Festa da Bandeira, por exemplo, só os “brancos” é que podiam ser cavaleiros e não se misturavam com a “pleble”. A nobreza , com o seu guarda-sol para se prevenir de se tornar preto como diziam alguns, a nobreza da época juntava-se na festa da Bandeira Grande, enquanto os mulatos, mestiços e negros festejam a Bandeira de Praia. É claro que com o tempo e com a decadência da “classe privilegiada” decorrente do fim da escravatura e da imigração que privou os morgados de mão de obra, com o tempo essa divisão social deixou de fazer sentido mas até hoje perduram resquícios do tempo de outrora. Fonte:ok
HAVIA UM CEMITÉRIO SÓ PARA “BRANCOS” NA ILHA DO FOGO?
Alguns investigadores dizem que não, mas na verdade quem visitar hoje o “Cemitério de Baixo” ou “Cemitério dos Brancos” como é também é conhecido pode ficar com ideia de que nesse cemitério só era enterrada gente rica ( proprietários de origem europeia) que tinham capacidade para construir esses mausoléus que se vê na foto.
A presença desses mausoléus dos então barões da ilha (Barbosa Henriques, Barbosa Vicente, Barbosa Monteiro, Vasconcelos, Macedo, etc.) a presença desses mausoléus , por si só, não prova que havia discriminação no enterro dos mortos (sepulturas mais simples de pessoas mais humildes -negros e mulatos- podem simplesmente ter desaparecido com o passar do tempo)
O Cemitério de Baixo, construído por volta de 1845 no alto da praia de Fonte Bila, no concelho de S.Filipe, foi originalmente um cemitério privado e só depois passou a ser um cemitério publico. Segundo a tradição oral da ilha este cemitério era destinado exclusivamente aos brancos, isto é, à aristocracia local ( pessoas abastadas ou pelo menos com um certo poder económico)
CEMITÉRIO DOS POBRES
O Cemitério dos Pobres seria o Cemitério de Cima, em Achada Forca, mas este foi construído muito mais tarde, por volta de 1855 quando uma epidemia de cólera abalou a ilha. Apesar do nome nesse cemitério teria também sido enterrada “gente branca”, como no Cemitério dos Brancos teria sido enterrada pessoas pobres . Há ainda um terceiro cemitério no concelho de S.Filipe onde eram enterrados os morgados e suas esposas.
SOB O SIGNO DA DIVISÃO
Como dizia o escritor Teixeira de Sousa “antigamente, o macaco morava na rocha, o negro no funku , o mulato na loja (caixeiro) e o branco no sobrado “.
A Ilha do Fogo foi, desde sua povoação, marcada por uma rígida estratificação social, baseada na cor da pele mas também no poder económico e matriz cultural.
Como a maioria da população era negra (escravos) e a minoria branca era predominantemente homens, o distanciamento racial foi se reduzindo e a miscigenação acabou por criar o “mulato”, mas a elite branca, que se orgulhava de sua ascendência aristocrática , a elite branca se casava entre si ( para preservar o sangue e também os bens da família eram frequentes os casamentos entre primos e outros parentes próximos como realçam os investigadores António Jorge Delgado e Gilda Barbosa).
Essa divisão social não se manifestava apenas nos casamentos ou funerais .
A própria morfologia da cidade de S.Filipe evidenciava essa divisão, com dois bairros bem delimitados ( Bila Baxu e Bila Riba ) separados por um grande paredão que veio a dar origem ao que hoje é o Alto de S.Perdo, que marca a fronteira entre esses dois mundos. De acordo com a tradição oral os “brancos ‘ moravam nos sobrados em Bila Baxu , enquanto os pobres habitavam Bila Riba.
A divisão social também se notava nas manifestações religiosas ou mesmo culturais.
Na Festa da Bandeira, por exemplo, só os “brancos” é que podiam ser cavaleiros e não se misturavam com a “pleble”. A nobreza , com o seu guarda-sol para se prevenir de se tornar preto como diziam alguns, a nobreza da época juntava-se na festa da Bandeira Grande, enquanto os mulatos, mestiços e negros festejam a Bandeira de Praia. É claro que com o tempo e com a decadência da “classe privilegiada” decorrente do fim da escravatura e da imigração que privou os morgados de mão de obra, com o tempo essa divisão social deixou de fazer sentido mas até hoje perduram resquícios do tempo de outrora. Fonte:ok
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