Bruno jamais passeará a Pepa, jamais dará gargalhadas com seus amigos.
Bruno Candé foi assassinado porque era preto?
SIM, FOI
Porque se não fosse negro provavelmente teria passado este domingo com os filhos Ruben e Ivo, de 6 e 5 anos, e da pequena Bia que vai completar 3 anos neste mes de Agosto ;
Teria almoçado e “falado da vida” com amigos ou familiares na sua casa no Casal de Machados, mesmo ali pertinho da praça de Moscavide onde este sábado foi abatido a tiro;
E à tardinha teria saído para passear a Pepa, a cadelinha labradora que ficará para sempre ligada à sua morte.
Mas Bruno jamais passeará a Pepa, jamais dará gargalhadas com seus amigos. Jamais verá o Rubem, o Ivo e a Bia crescerem. Nunca mais vai mais subir ao palco da Companhia de Teatro a que pertencia nem nunca mais vai representar.
Bruno Candé foi assassinado. Quatro tiros. Abatido à queima-roupa por um velho que três dias antes o tinha avisado de que havia fartado de matar pretos na guerra colonial. E que o mandou “para a sua terra” apesar do Bruno ter, como ele, nascido em Portugal.
Os contornos da morte de Bruno Candé todos já sabem.
A perícia portuguesa dirá, porventura , que foi por “motivos fúteis“ como disse no caso Giovanni. Sem motivação racial como é conveniente. E passada a comoção, apaziguado o sentimento de revolta, tudo voltará ao mesmo . Ate ao próximo assassinato.
ESTADO CONIVENTE
Costuma-se dizer que o primeiro passo para superar um mal é reconhecer que esse mal existe. Ao mergulhar a cabeça na areia fazendo de conta que o racismo não existe em Portugal é o próprio estado que está a ser cúmplice.
A morte de Candé, de Giovani e de tantos outros que não tiveram visibilidade mediática é o resultado do racismo endémico que não se combate no dia-a-dia: Racismo na escola. Racismo no trabalho. Racismo no transporte. Racismo na rua . Racismo sistémico. E não se faz nada. Ninguém quer tocar na ferida.
E ao não tocar na ferida a chaga se alastra, tornando-se particularmente purulenta em tempos de crise como a que vivemos onde a mais pequena diferença é motivo de ódio e de intolerância. E o ódio mata. E a intolerância assume proporções devastadoras em mentes radicais ou conturbadas.
Racistas, homofóbicos e extremistas, alimentados também por esses discursos segregacionistas que assistimos todos os dias nos média e nas redes sociais, racistas e homofóbicos – dizíamos- desde sempre tentaram impor suas “verdades” através da violência. “Verdades” que -sejamos claro- são resultados de séculos e séculos de desumanização do preto que, se não é matado fisicamente como aconteceu com Giovani e Bruno, morre gradualmente na inacessibilidade ao ensino e ao trabalho, na desvalorização constante do seu direito de ter uma história, na desvalorização sistemática da sua cultura e da sua vivencia.
Bruno Candé jamais vai poder responder a um anuncio de casting. Jamais subirá ao palco para representar. Jamais vai abraçar a filha no dia do seu aniversàrio. Porque foi assassinado. Por alguém que simplesmente odiava sua cor da pele. Resta explicar isso ao pequeno Ruben, ao pequeno Ivo e à pequena Bia. Certamente não vão entender. fonte:ondaklriolu
SIM, FOI
Porque se não fosse negro provavelmente teria passado este domingo com os filhos Ruben e Ivo, de 6 e 5 anos, e da pequena Bia que vai completar 3 anos neste mes de Agosto ;
Teria almoçado e “falado da vida” com amigos ou familiares na sua casa no Casal de Machados, mesmo ali pertinho da praça de Moscavide onde este sábado foi abatido a tiro;
E à tardinha teria saído para passear a Pepa, a cadelinha labradora que ficará para sempre ligada à sua morte.
Mas Bruno jamais passeará a Pepa, jamais dará gargalhadas com seus amigos. Jamais verá o Rubem, o Ivo e a Bia crescerem. Nunca mais vai mais subir ao palco da Companhia de Teatro a que pertencia nem nunca mais vai representar.
Bruno Candé foi assassinado. Quatro tiros. Abatido à queima-roupa por um velho que três dias antes o tinha avisado de que havia fartado de matar pretos na guerra colonial. E que o mandou “para a sua terra” apesar do Bruno ter, como ele, nascido em Portugal.
Os contornos da morte de Bruno Candé todos já sabem.
A perícia portuguesa dirá, porventura , que foi por “motivos fúteis“ como disse no caso Giovanni. Sem motivação racial como é conveniente. E passada a comoção, apaziguado o sentimento de revolta, tudo voltará ao mesmo . Ate ao próximo assassinato.
ESTADO CONIVENTE
Costuma-se dizer que o primeiro passo para superar um mal é reconhecer que esse mal existe. Ao mergulhar a cabeça na areia fazendo de conta que o racismo não existe em Portugal é o próprio estado que está a ser cúmplice.
A morte de Candé, de Giovani e de tantos outros que não tiveram visibilidade mediática é o resultado do racismo endémico que não se combate no dia-a-dia: Racismo na escola. Racismo no trabalho. Racismo no transporte. Racismo na rua . Racismo sistémico. E não se faz nada. Ninguém quer tocar na ferida.
E ao não tocar na ferida a chaga se alastra, tornando-se particularmente purulenta em tempos de crise como a que vivemos onde a mais pequena diferença é motivo de ódio e de intolerância. E o ódio mata. E a intolerância assume proporções devastadoras em mentes radicais ou conturbadas.
Racistas, homofóbicos e extremistas, alimentados também por esses discursos segregacionistas que assistimos todos os dias nos média e nas redes sociais, racistas e homofóbicos – dizíamos- desde sempre tentaram impor suas “verdades” através da violência. “Verdades” que -sejamos claro- são resultados de séculos e séculos de desumanização do preto que, se não é matado fisicamente como aconteceu com Giovani e Bruno, morre gradualmente na inacessibilidade ao ensino e ao trabalho, na desvalorização constante do seu direito de ter uma história, na desvalorização sistemática da sua cultura e da sua vivencia.
Bruno Candé jamais vai poder responder a um anuncio de casting. Jamais subirá ao palco para representar. Jamais vai abraçar a filha no dia do seu aniversàrio. Porque foi assassinado. Por alguém que simplesmente odiava sua cor da pele. Resta explicar isso ao pequeno Ruben, ao pequeno Ivo e à pequena Bia. Certamente não vão entender. fonte:ondaklriolu
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