A pequena órfã foi confiada aos avos maternos
Cabo-verdiano de 32 anos matou sua companheira em Franca no dia 30 de Julho
CRÓNICA DE UMA MORTE IMPREVISTA
Cannes, quinta-feira 30 de Julho de 2020.
11. 20h
Samuel, cabo-verdiano de 32 anos, consulta o relógio com impaciência enquanto dá um beijinho na pequena Mila, sua filhinha de 14 meses de quem cuida em casa quando a mãe Lola trabalha numa loja a cinco minutos do apartamento onde moram numa rua da cidade de Cannes, em França.
Samuel está impaciente porque Lola ainda não chegou, tendo ele avisado de que às onze e meia em ponto tinha que estar no ginásio para os seus habituais exercícios de musculação. No Ginásio ninguém o espera, a não ser os aparelhos de fitness, mas para Samuel hora é hora e Lola já devia estar em casa ha 15 minutos.
11. 30h
De Lola ainda nada.
Samuel liga para ela pela vigésima vez em 20 minutos. Ninguém atende. Ao lado a pequena Mila observa o pai sem entender a razão da sua impaciência. Infelizmente não é a primeira vez que a bebé vê o pai a se enervar. Nos últimos tempos Samuel tem estado nervoso, inquieto, como se estivesse a passar por alguma situação complicada...Como se tivesse deixado de gozar a felicidade do lar e de viver o seu amor quase perfeito com a Lola , essa mulher de 28 anos com quem vive há quatro anos.
Lola é uma francesa branca e loira que com o tempo teceu sólidas relações de amizade com a comunidade cabo-verdiana de Cannes onde Samuel a encontrou em 2016. Quatro de anos e amor e felicidade, coroados pelo nascimento da pequena Mila.
Para da filha o casal partilha ainda outros interesses como a cultura africana ou o amor pelo desporto (Samuel pratica a musculação enquanto Lola prefere a dança africana). Tudo parece perfeito e Samuel ate ofereceu a Lola um anel de noivado, dando a entender que casamento esta para breve. Mas alguma coisa não bate certo.
CIÚME
Alguma coisa não bate certo na cabeça de Samuel que passa a se irritar por tudo e por nada. Desde que se conhecem Samuel nunca levantou a mão contra Lola, mas nos últimos tempos ele se tem mostrado cada vez mais exigente. Vê com maus olhos a saída da companheira com amigos e amigas cabo-verdianas e critica suas roupas de demasiado sexy ou provocante. Como o casal não tem recursos para contratar uma pessoa para tomar conta da Mila é Samuel que fica com a filha quando Lola não esta em casa. Mas ai de Lola se Lola voltar atrasada !
Apesar desse excesso de zelo em relação à companheira Samuel continua a ser um bom pai para a sua filha. Carinhoso e protetor . Talvez seja tambem por isso que Lola não liga muito às mudanças de humor do companheiro , pensando que é comportamento passageiro derivado do stress de ter que cuidar diariamente da bebe sozinho.
11.35
Finalmente Lola chega em casa, mas Samuel está fora de si.
Lola, que começou a trabalhar as 5 da manha, não quer realmente discutir. Só diz que ninguem morre por chegar ao ginásio com alguns minutos de atraso . Discussão normal entre casais. O que não sao normais são os gritos que os vizinhos ouvem do apartamento. Ou a saida apavorada de Samuel a descer as escadas com a filha nos braços.
11.50
As 11 horas e 50 minutos dessa quinta-feira 30 de Julho Samuel apresenta-se numa esquadra de policia da cidade de Cannes com uma bebé ao colo e pronuncia uma frase alucinante que os próprios agentes da policia não vão esquecer tão cedo :
“Je vient de tuer ma companhe” (Matei minha companheira)
Uma equipa policial dirige-se ao quarto andar da residência do casal e encontra o corpo de Lola. A jovem mãe tem marcas de vários ferimentos de faca dos quais um no coração. Samuel não fornece muitas informações sobre o motivo da tragédia. Só diz que foi "uma discussão que deu para o torto".
FATALIDADE?
Não, a morte de Lola não é fatalidade, como a maioria dos chamados crimes passionais.
Lola e Samuel tinham projeto, tinham um casamento para preparar, tinham uma filha para criar.
A pequena órfã foi confiada aos avos maternos mas um dia terá idade para compreender o que sucedeu à mãe. Ou talvez não. Quem compreende a destruição de duas vidas por meia hora de atraso ? Fonte:ondakriolo
CRÓNICA DE UMA MORTE IMPREVISTA
Cannes, quinta-feira 30 de Julho de 2020.
11. 20h
Samuel, cabo-verdiano de 32 anos, consulta o relógio com impaciência enquanto dá um beijinho na pequena Mila, sua filhinha de 14 meses de quem cuida em casa quando a mãe Lola trabalha numa loja a cinco minutos do apartamento onde moram numa rua da cidade de Cannes, em França.
Samuel está impaciente porque Lola ainda não chegou, tendo ele avisado de que às onze e meia em ponto tinha que estar no ginásio para os seus habituais exercícios de musculação. No Ginásio ninguém o espera, a não ser os aparelhos de fitness, mas para Samuel hora é hora e Lola já devia estar em casa ha 15 minutos.
11. 30h
De Lola ainda nada.
Samuel liga para ela pela vigésima vez em 20 minutos. Ninguém atende. Ao lado a pequena Mila observa o pai sem entender a razão da sua impaciência. Infelizmente não é a primeira vez que a bebé vê o pai a se enervar. Nos últimos tempos Samuel tem estado nervoso, inquieto, como se estivesse a passar por alguma situação complicada...Como se tivesse deixado de gozar a felicidade do lar e de viver o seu amor quase perfeito com a Lola , essa mulher de 28 anos com quem vive há quatro anos.
Lola é uma francesa branca e loira que com o tempo teceu sólidas relações de amizade com a comunidade cabo-verdiana de Cannes onde Samuel a encontrou em 2016. Quatro de anos e amor e felicidade, coroados pelo nascimento da pequena Mila.
Para da filha o casal partilha ainda outros interesses como a cultura africana ou o amor pelo desporto (Samuel pratica a musculação enquanto Lola prefere a dança africana). Tudo parece perfeito e Samuel ate ofereceu a Lola um anel de noivado, dando a entender que casamento esta para breve. Mas alguma coisa não bate certo.
CIÚME
Alguma coisa não bate certo na cabeça de Samuel que passa a se irritar por tudo e por nada. Desde que se conhecem Samuel nunca levantou a mão contra Lola, mas nos últimos tempos ele se tem mostrado cada vez mais exigente. Vê com maus olhos a saída da companheira com amigos e amigas cabo-verdianas e critica suas roupas de demasiado sexy ou provocante. Como o casal não tem recursos para contratar uma pessoa para tomar conta da Mila é Samuel que fica com a filha quando Lola não esta em casa. Mas ai de Lola se Lola voltar atrasada !
Apesar desse excesso de zelo em relação à companheira Samuel continua a ser um bom pai para a sua filha. Carinhoso e protetor . Talvez seja tambem por isso que Lola não liga muito às mudanças de humor do companheiro , pensando que é comportamento passageiro derivado do stress de ter que cuidar diariamente da bebe sozinho.
11.35
Finalmente Lola chega em casa, mas Samuel está fora de si.
Lola, que começou a trabalhar as 5 da manha, não quer realmente discutir. Só diz que ninguem morre por chegar ao ginásio com alguns minutos de atraso . Discussão normal entre casais. O que não sao normais são os gritos que os vizinhos ouvem do apartamento. Ou a saida apavorada de Samuel a descer as escadas com a filha nos braços.
11.50
As 11 horas e 50 minutos dessa quinta-feira 30 de Julho Samuel apresenta-se numa esquadra de policia da cidade de Cannes com uma bebé ao colo e pronuncia uma frase alucinante que os próprios agentes da policia não vão esquecer tão cedo :
“Je vient de tuer ma companhe” (Matei minha companheira)
Uma equipa policial dirige-se ao quarto andar da residência do casal e encontra o corpo de Lola. A jovem mãe tem marcas de vários ferimentos de faca dos quais um no coração. Samuel não fornece muitas informações sobre o motivo da tragédia. Só diz que foi "uma discussão que deu para o torto".
FATALIDADE?
Não, a morte de Lola não é fatalidade, como a maioria dos chamados crimes passionais.
Lola e Samuel tinham projeto, tinham um casamento para preparar, tinham uma filha para criar.
A pequena órfã foi confiada aos avos maternos mas um dia terá idade para compreender o que sucedeu à mãe. Ou talvez não. Quem compreende a destruição de duas vidas por meia hora de atraso ? Fonte:ondakriolo
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