Enquanto a cura não chega, dou asas à minha imaginação e viajo contigo de lés a lés até te sentires cansada de tanto descobrir coisas novas.
Enquanto a cura não chega
Enquanto a cura não chega, queria te mostrar o outro lado da moeda, o outro lado do belo, a nova versão sobre a saudade, os sonhos e o meu abraço.
Queria aproveitar-te mais a cada vez que soluças nos meus ombros e procuras o meu carinho no aconchego do nosso leito.
Queria com toda a alma, decifrar o barulho das tuas lágrimas que me perturbam o sono e se afogam nesta dura realidade de te ver partir.
Enquanto a cura não chega, queria te dizer baixinho no ouvido o quanto és amada sem nunca imaginares, o quanto sofro a cada beijinho na testa antes de ires embora.
Enquanto a cura não chega, mulher, queria dar vez e voz aos teus mais belos sonhos, segurar-te firme nos braços e ensinar-te a voar, a conquistar o além... sem medo, sem receio e sem dó de quem para trás ficou.
Nesta noite fria, de incertezas e medos, pouca coisa tenho eu a dizer antes de me despedir de ti.
A dura realidade de te ver partir sem coragem de me olhares nos olhos, de me tocares pela última vez, de sentires o meu cheiro... continua sendo a forma mais terrível de viver.
A incerteza, para alguns, do que nos aguarda o amanhã de nada se compara ao desespero de te ver chorar, sofrer e arder por dentro.
O desespero de sentir o teu perfume de rosas, a tua saia branca que dança com o vento e aquela blusa que é a melhor amiga da brisa do mar, vai me torturando a cada passo que dás rumo a um destino sem cor, sem paz e sem amor.
Como consegues fugir de mim se bem sabes que a tua paz mora nos meus braços? Que coragem é esta que te faz voar sem medo de cair quando sabes que sou o teu chão? Quando sabes que nasci para te apoiar em cada voo e a cada vez que aterras num novo destino ou talvez num novo sonho?
Que raio de mulher és tu que consegue ser tão forte a ponto de me assustar, tão determinada que até o mar desafia mas tão singela que me impele abraçar-lhe com a minha alma?
Mil perguntas faço a cada vez que o meu olhar se cruza com o teu. Nasce vida, brota esperança e respiro sonhos a cada reencontro nosso.
Não sei porquê mas eu sempre soube que guardo em ti a melhor parte de mim.
Despedaço-me todo a cada vez que fechas a porta sem combinarmos o dia do teu regresso.
Sofro por dentro a cada vez que me apercebo que podes existir hoje e agora e desaparecer logo de manhãzinha, levando contigo o meu sorriso, o que me sustém...
Enquanto a cura não chega, dou asas à minha imaginação e viajo contigo de lés a lés até te sentires cansada de tanto descobrir coisas novas.
Neste tempo de espera mulher, prometo ser para ti bem mais do que o antídoto. Serei, sem mais delonga, a cura que chega a ti logo de manhãzinha e que te fará sorrir.
Dicla Gonçalves
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