Desde criança aprendeu a desafiar os limites da doença
Joana Almada não admite ser discriminada
“QUERO QUE ALGUÉM ME AME COMO EU SOU”
E ela é linda, inteligente, determinada, lutadora, mas não é só por isso que ela ser amada e ter alguém na sua vida. Joana Almada, 37 anos e residente na Praia, diz que quer alguém que a ame como ela é, que aceite sua condição e que a ajude a enfrentar as barreiras do dia-a-dia, e não ser mais um problema na sua vida, juntando-se aos muitos que ela já tem.
Joana nasceu em Belém, no município de Ribeira Grande, na ilha de Santiago, mas desde criança foi criada por um casal residente na Praia. Mãe de um adolescente de 17 anos com o mesmo problema físico (foto) Joana nasceu com uma doença genética rara que afetou o crescimento dos seus membros inferiores.
Sem pernas para andar, Joana no entanto nunca se deu por vencida. Pelo contrario : Desde criança aprendeu a desafiar os limites da doença e, profissionalmente, considera-se hoje uma mulher realizada e dona da sua vida.
Licenciada em contabilidade, Joana trabalha num banco na cidade da Praia e ela mesma se orgulha do caminho que trilhou desde que, terminado o Liceu, teve o seu primeiro e único filho. Desempregada na altura, começou a fazer “pequenos negócios” para vender e mais tarde frequentou uma formação em contabilidade, tendo depois trabalhado no Comité Olímpico Cabo-verdiano. Querendo “mudar de vida”, Joana não ficou por aí e continuou a estudar ate que se licenciou em contabilidade, o que lhe abriu novas portas no plano profissional.
MULHER DE FIBRA
Sem qualquer discurso de vitimização, Joana lamenta contudo a violência baseada no género de que muitas mulheres em Cabo Verde são vitimas e de que ela mesma sofreu na pele por parte do seu ex-companheiro e pai do seu filho.
Por tudo o que passou, pelas batalhas que travou para melhorar sua vida e criar o seu filho para quem ela é “ mãe e pai” , Joana garante que já não aceita que ninguém a discrimine pela sua condição física. “ Já ultrapassei essa fase” – diz ela, ela que saúda os avanços em Cabo Verde na inclusão social das pessoas com deficiência mas que lamenta uma certa falta de sensibilidade para com as pessoas com necessidades especiais, pessoas esssas que ainda são consideradas por muitos como “invalidas” ou “incapazes”, merecedoras apenas da caridade alheia ou do assistencialismo do estado.
Joana -mulher de fibra- é mais uma prova de que uma pessoa, embora com determinada deficiência física, não é invalida nem incapaz, mas sim com plena capacidade de trabalho e de realização profissional. É claro que são necessários apoios e adaptações e sobretudo politicas especifica dentro de estratégias mais amplas para que todos possam ter a mesma oportunidade de melhora a vida e contribuir para construir um Cabo Verde mais justo e humano.
E nessa batalha para uma vida digna Joana está a fazer a sua parte e muito mais, ela que é um exemplo para muitas pessoas com deficiência, mas particularmente para o seu filho Nilton para quem ela é uma autentica heroína.
Uma heroína para o seu filho mas também para todos aqueles que acreditam que não há barreiras intransponíveis e que, com coragem, amor e dedicação, na vida tudo se supera. fonte:ok
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