Morreu o poeta, o escritor, o politico... Adeus Onésimo Silveira

Calou-se a voz mas ficam as palavras.

 Adeus Onésimo Silveira

MORREU O POETA, O ESCRITOR, O POLITICO E O CONTESTATÁRIO

Mas sobretudo um cabo-verdiano de gema e um humanista profundo que tão bem soube se identificar com o “povo faminto” e que, em meados do século passado, foi um dos primeiros a denunciar a tragedia das ilhas atraves da sua poderosa poesia que não era, nada mais nada menos, de que alucinantes gritos de indignacao e revolta:

“Atras dos ferros

é preciso levantar os braços algemados

contra a prepotência”

A palavra foi sempre a grande arma de Onésimo Silveira, palavras que ele usou com mestria para denunciar as atrocidades do colonialismo mas também os atropelos do partido único.

É esse dom da palavra – associado a uma uma fina inteligência e um a conhecimento profundo da realidade cabo-verdiana - que faz dele um dos grandes intelectuais da historia de Cabo Verde e de África em geral. Esse dom que fez dele poeta contestatário fez também dele Combatente da Pátria, Presidente de Câmara de Mindelo, deputado, embaixador para alem de outros vários títulos e funções.

A vida de Onésimo Silveira foi , na realidade , “um mar de historias” desde que ele nasceu em S.Vicente a 16 de fevereiro de 1935 ate que, aos 86 anos, morreu de doença prolongada na manhã desta quinta-feira 29 de abril na sua residencia em Mindelo.

Calou-se a voz mas ficam as palavras. Como as ondas :

“As ondas

que vêm morrer nas encostas das nossa ilhas

não são ondas:

são lágrimas

que o mar chora

pelos sobreviventes de dez barcos petrificados

que há mil anos estão a pedir socorro…”

fonte:ok