Mais empatia, menos julgamento mais capacidade para saborear
CVMA. Parece que os cabo-verdianos esperam sempre que os vencedores sejam Andreia Bocelli, Beethoven, Mozart, Miles Davis, Nina Simone, Beyoncé, ou B.Leza, Eugénio Tavares, Bana, Cesária Évora e Maria Calas em pessoa.
A crítica radical, emotiva, sarcástica, brutal, impiedosa parece fazer parte de uma certa cultura pública cabo-verdiana nas redes. Não custa nada, basta escrever e fazer clic. As criticas valem o que valem. A nossa mentalidade de ilhéu dá uma dimensão aos desagrados que faz parecer que nada do que foi feito tem valor. Errado na minha opinião: a equipa do CVMA está de parabéns. Recomeçar nesta conjuntura é super difícil, mobilizar recursos ainda mais, concretizar terrivelmente complicado.
Repito: aplausos à equipa dos CVMA e a todos os parceiros promotores envolvidos. Mais, alguém se lembra de alguma edição em que não houvesse criticas após o fim da revelação dos premiados? Na verdade mesmo que os CVMA tivessem sido organizados pela mesma equipa dos Grammys iria haver criticas. Nada mais a acrescentar. Aliás apenas isto: no mundo de hoje quem faz os artistas premiados é o público não a critica. Claro que esse facto não retira a qualidade e o mérito dos que não são populares e devem também ser reconhecidos.
Quando ao nível do "fashion" da "red carpet", mais uma vez, penso que os cabo-verdianos das redes continuam a se verem ao espelho como se fossem a real aristocracia da moda italiana ou a fina flor de Hollywood. A expetativa segunda consta era ver pessoas comuns e artistas vestidos pela Valentino, Yves Saint Laurent, Dior, Prada, Burberry, Versaci, Louis Vuitton, Jean Paul Gaultier ou por designers emergentes que vestem as grandes estrelas mundiais. Parece caricato mas é mesmo assim. As nossas vitimas do fashion vão de ilustres desconhecidos a conhecidos influenciers. Todos crucificados pela critica mordaz nas redes sociais. Isso desde a primeira edição. É preciso simplesmente relativizar tudo. Acontece o mesmo em todos os grandes eventos com a mesma linha, em todo o mundo.
Por outro lado, os CVMA são apenas uma destas situações concretas, reais onde o cabo-verdiano bate de frente com a sua própria realidade e não gosta. As ilusões das redes são frontalmente desmascaradas e em vez de um espasmo colectivo, decidimos crucificar alguns para salvar a face da nação que claramente ainda tem um longo caminho pela frente. Ter "gosto" e capacidade financeira de acesso ao que de melhor se faz no mundo da cultura, da música, da moda ainda é para muito poucos. Verdadeira classe e elegância não se tem porque se quer e se decidiu. Vamos democratizar esta ideia e cultivar. Dar tempo ao tempo. Caminhar para frente, aprender, investir, melhorar, evoluir é sempre a melhor decisão. A única alternativa. Criticas depreciativas e ataques pessoais de carácter é instrumento dos fracos e dos desprovidos de empatia.
Mais empatia, menos julgamento mais capacidade para saborear, elevar e aplaudir o esforço dos que tentam, fazem e dão a cara!
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