Os habitantes lutaram sozinhos, abriram estradas à picareta e reconstruíram o que foi possível
CHÃ DAS CALDEIRAS 7 ANOS DEPOIS
Foi em 1917 que os primeiros homens se instalaram em Chã das Caldeiras, essa cratera de nove quilómetros de diâmetro situada a 1.700 metros de altitude. Desde então os habitantes assistiram a três erupções (1951, 1995 e 2014) mas de cada vez que que a ira do “ómi grandi”, vomitando fogo e lava, afugentava momentaneamente os habitantes das duas principais aldeias da cratera – Portela e Bangaeira - estes sempre encontraram forças para voltarem e reconstruir o que o que a lava abafou.
A erupção de 2014 destruiu ou danificou 75% das habitações e a rocha incandescente cobriu perto de um quarto dos 848 hectares de cultura. Mesmo assim mais de 400 dos mil e tal deslocados da erupção de 2014 já voltaram ao torrão natal, o que para muitos pode parecer irracional, sobretudo levando em conta estudos técnicos que consideram que a cratera não é lugar ideal para ter famílias e crianças.
Mas para os que voltaram, para alem do apego à terra dos antepassados, o retorno à sombra do vulcão é também uma estratégia de sobrevivência, uma forma de fintar a pobreza e a miseria . Porque, como diz Tudinha que não voltou, hoje ela não tem nada em Monti Grandi onde vive com uma tia desde que a lava devorou sua casa . Sem meios para a reconstruir , Tudinha sente a falta da terrinha que cultivava ou do dinheiro que ganhava lavando roupa de turistas.
Medo do vulcão ? Não, medo do vulcão Tudinha nao tem. Afinal - diz ela- “omi grandi” nunca matou ninguém e sempre anuncia com tremores de terra antes de explodir.
SIMA FIGERA DJOKA
É uma figueira plantada por Djoka Bibi e que foi engolida pelas duas ultimas erupções, mas cujos ramos e folhas encontraram, de cada vez, o caminho para o ar e a luz. É assim também a vida na caldeira , que renasce contra tudo e todos.
Os habitantes lutaram sozinhos, abriram estradas à picareta e reconstruíram o que foi possível mas, sete anos depois da erupção, nem escola maternal, nem a escola primaria, nem o centro de saúde foram reconstruídos. Alcindo, que reconstruiu sua uma pensão situada perto perto de Casa Ramiro, garante que não tiveram nenhuma ajuda para reconstruírem suas vidas . Mas tambem não pedem nada: Apenas que os deixem em paz. fonte:ondakriolu
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