Para já a medalha de ouro conquistado em Freetown proporciona a Keny Borges a qualificação automática para os Jogos Africanos de Acra 2023
Coveiro no Cemitério de Achada de São Filipe
PUGILISTA SIFONELO BORGES É CAMPEÃO AFRICANO DA ZONA 2
É um dos quatro atletas cabo-verdianos que, na semana passada, conquistaram a medalha de ouro em Freetown, na Serra Leoa, no campeonato africano de boxe da Zona 2 do Desporto em Africa.
Sifonelo “ Keny” Borges, 30 anos, juntou assim mais um título no seu já extenso palmarés desde que começou a praticar o boxe aos 13 anos de idade. Muito forte fisicamente, o “Homem Marreta” como também e chamado, dominou o boxe cabo-verdiano nos últimos 17 anos, vencendo quase todas as provas em que participou. Na categoria de meios-pesados ele tem 10 títulos nacionais e a nível africano tem uma vasta de coleção de troféus e medalhas conquistados em provas regionais.
CONTRARIANDO O PRÓPRIO DESTINO
Keny Borges divide o seu tempo entre o Pavilhão Vavá Duarte, onde começa a treinar todos os dias ás 5 da manhã, e o Cemitério de Achada de S. Filpe onde trabalha como coveiro das 7 da manhã ás 5 da tarde.
Nascido e criado no seio de uma família pobre no bairro de Tira Chapéu , tido como um dos mais problemáticos da cidade da Praia, Keny diz que foi o boxe que o manteve longe dos vícios e da delinquência.
É o boxe que também agora lhe proporciona algum desafogo financeiro ja que esta segunda-feira a Câmara Municipal da Praia lhe entregou 100 mil escudos e a promessa de um terreno para construir sua casa pela façanha realizada em Freetown.
Keny é funcionario da Câmara mas os 13 mil escudos líquidos que recebe mensalmente mal chegarariam para cobrir as despesas de alimentação de um atleta de alta competicao .
FOCO NOS JOGOS OLÍMPICOS
Para já a medalha de ouro conquistado em Freetown proporciona a Keny Borges a qualificação automática para os Jogos Africanos de Acra 2023 mas o grande sonho do pugilista é estar presente nos Jogos Olimpicos Paris 2024 .
Keny queixa-se de ter sido “preterido” da seleção de Cabo Verde que disputou a em Dakar a qualificação para as Olimpíadas de 2020 por sistematicamente chegar atrasado aos treinos devido ao horario dos enterros ao mesmo tempo que clama por um tratamento “mais digno” aos desportistas que representam Cabo Verde por parte do governo e dos responsaveis pelo desporto.
Da mesma forma que Keny Borges pratica o desporto, fazendo sol ou fazendo vento ele está lá trabalhando no Cemitério sem grandes condições por falta de fardamento, botas , chapéu e outros acessorrios indepensaveis para a pratica do oficio. E sem qualquer patrocinador, é com a mesma paixao com que pratica o boxe com que abre a cova para os mortos , sempre na esperança de ver seu esforço reconhecido.
A sua força, determinação e sacrifico , mas também seu sucesso no campo desportivo, fazem dele um exemplo e uma referencia para a juventude cabo-verdiana que pode encontrar no desporto uma forma de se manter afastado do mundo da violência. fonte:ok
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