Em Cabo Verde, vivemos com o que temos e estamos acostumados a isso.
Texto de Anilton Levy
Custo de vida em Cabo Verde: Desafios e Realidades Cotidianas
Recentemente, participei de um debate nos comentários de um vídeo da youtuber Joana Alegria, uma ucraniana que reside em Cabo Verde. O tema abordado era o custo de vida no país, um assunto que desperta meu interesse e que tenho considerado abordar em um futuro vídeo. Durante a discussão, pude compartilhar minhas reflexões e preocupações sobre a realidade dos caboverdianos, contrastando com a perspectiva de Joana, que se referia principalmente à experiência dos estrangeiros que vivem na ilha.
Comentário inicial:
Ao expressar minha opinião, destaquei a dificuldade enfrentada pela maioria dos caboverdianos, ressaltando que o salário mínimo mal ultrapassa os 13 mil escudos. Joana mencionava a necessidade de ter entre 600 a mil euros para viver confortavelmente em um mês. Percebo que nosso povo tem uma capacidade incrível de se adaptar às circunstâncias, mas os cálculos não estão totalmente errados. Os preços dos produtos e serviços têm aumentado consideravelmente, tornando-se cada vez mais inacessíveis. Acredito que Joana tenha se referido mais ao turista que vem desfrutar de uma estadia temporária do que àqueles que residem permanentemente em Cabo Verde.
Resposta de Joana:
Joana prontamente respondeu ao meu comentário, esclarecendo que ela falava apenas de sua experiência e das pessoas que conhecia. Segundo ela, ser estrangeiro em Cabo Verde é muito caro, principalmente devido ao alto custo do aluguel, especialmente em Mindelo, onde muitos serviços também são cobrados em dobro. Além disso, ela enfatizou a dificuldade de viver sem o suporte de familiares e amigos próximos. Nas grandes famílias, sempre há apoio mútuo, tornando a vida mais fácil. Por exemplo, ao viajar para outra ilha, pode-se contar com a hospitalidade de um parente. Ao precisar trabalhar, é possível deixar os filhos aos cuidados de primos ou irmãos. Caso se compre algo pesado, sempre haverá alguém para ajudar no transporte. Joana concluiu mencionando que, por não ter familiares em Cabo Verde, ela arca com todas as despesas sem qualquer auxílio.
Novo vídeo de Joana:
Após nosso debate, Joana publicou um novo vídeo intitulado "Porque é muito caro ser estrangeiro em Cabo Verde", no qual ela aprofunda sua ideia anterior e esclarece seus argumentos. Nesse vídeo, ela compartilha as dificuldades enfrentadas pelos estrangeiros, reforçando os desafios do alto custo de vida no país.
Comentário final:
Após assistir ao novo vídeo de Joana, reiterei a questão do custo de vida em um país onde não temos o suporte da família e amigos próximos. Em Cabo Verde, vivemos com o que temos e estamos acostumados a isso. Porém, preocupa-me a constante elevação dos preços, enquanto a renda permanece a mesma. Felizmente, muitas famílias em Cabo Verde recebem remessas de emigrantes, o que auxilia significativamente na subsistência e na satisfação das necessidades básicas. Além disso, quando se vive em uma casa própria, é possível economizar o dinheiro que seria destinado ao aluguel. No entanto, existem famílias que precisam escolher entre almoçar ou jantar, não tendo o luxo de comer o que desejam, mas sim o que podem. Em alguns casos, quando a família é numerosa, o desafio de alimentar todos se torna ainda mais difícil e sufocante.
O debate sobre o custo de vida em Cabo Verde revela a realidade enfrentada pelos caboverdianos e estrangeiros que vivem no país. As perspectivas e experiências compartilhadas por Joana Alegria e por mim destacam os desafios financeiros e a importância do apoio familiar em um contexto em constante evolução econômica. Enquanto alguns caboverdianos se adaptam com suas próprias estratégias para sobreviver com recursos limitados, outros contam com as remessas dos emigrantes para enfrentar as dificuldades diárias. Essa discussão nos convida a refletir sobre as desigualdades econômicas e a importância de buscar soluções para melhorar a qualidade de vida de todos os habitantes de Cabo Verde.
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