Por vezes, ser nada é necessário ser tudo
Eu sabia de cor os caminhos de dizer: seus filhos da put#. Frequentei todas as ruas marcadas pelo povo: não que o povo seja mais de dez gentes com queixumes de imaterialidade (eu mesmo tinha o hábito de ser povo) deixei-me dar aos costumes de comer na mesa de gentes grande, apesar de ainda me faltarem grandes quantias financeiras, mas, sou rico de nada.
Por vezes, ser nada é necessário ser tudo. Vejamos, como é triste uma satisfação. Estar farto, por exemplo. Por conseguinte, como somos iguais em todas as manhãs ao usamos as pontas dos dedos ao levantar da cama, sem pontas dos dedos, tudo vira pântano.
Da rua da minha casa até um desses lugares onde rola a bola e outras tantas cabeças dos homens, cada um, uma etnia no sistema tático de compreender a fórmula do jogo. Temos a noção de ter sido a brasa fria num tempo quente.
A tarde jogamos futebol em Colhe Bicho (que fique bem claro, que a última bola pontapeada que foi ao céu nunca mais voltou, o próprio, Nhu Thxi, homem das sepulturas ficou setenta anos a espera da bola, o mesmo ano da fundação de Colhe Bicho: foi inspirar o Eusébio, coluna, Mário Wilson, João Vieira Pinto, podem até não me dar o mérito, mas, em Colhe Bicho sabemos chutar, aliás, eu soube bater).
"Lá os rapazes nascem trancados nas palavras adulteradas, para os que atravessam gerações é-lhes difícil o entendimento, o distúrbio verbal". Digo e escrevo; disse o Mário Lúcio, quando concluiu, que ali não há remédio, para o meio-campo, só um advérbio possível, não um médio que vira sem direção e sem remédio.
Eu sou spion na zona. Relatos de um Colhe Bicho situado no interior do interior, por vezes o interior mora no peito: somos pouco dado ao coração, não que prezamos só o bombeador do sangue, também a dor alheia, (por ano alguns djunta mó, outros tantos missa do sétimo dia, retirada das flores nos milheirais, espera da seca, enxugamento dos prantos e os bifes dados na casa, nunca, antes do levantar da esteira nos desalinhamentos do sétimo dia e os mortos).
Respondia pelo nome de senhor ramos, defendia constantemente nos ofícios de carregamento de cacos de vidros nas estradas depois dos finais de semana terem passados e a desordem das garrafas quebradas serem a prova de uma geração que já perdeu a forma correta de brincarem e de passarem momentos gratos pela vida, dizia ele: eu revi-me nessa história, li e reli, fui para o jogo, deram-me livros, joguei bem, ali não há substitutos e nem substituição, repetia o seu nome entre os dentes, eu sou Dá de Mimozu, os livros salvaram-me, "não consigo acabar com jogo de mais ninguém, me friei", mas, não é bom saber que com ele descobres que existia grande idiota humilde que nos comia o quotidiano e o comportamento.
Compreendi que pensar dá trabalho, li uns Mil livros, conclui que o país tem trabalho, mas trabalhar e pensar já perdeu um certo alcance. Quando é assim, professamos umas humildades: é estranho eu ser humilde e eu mesmo dizer que tenho umas carradas de humildade. É, o tempo de misturas e necessárias armaduras. Para recuperar a coragem, só em Colhe Bicho.
Mário Loff
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