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"A minha Inocência foi Roubada pelo Presidente"

brincar de crianças para mim, era um decreto presidencial com beijo e salgado profundo sal.


Nos aposentos do presidente, por Mario Loff

 Na verdade, faltava-me o fôlego para respirar o pensamento; normalmente, pensar é tão leve e essencial quanto respirar. Onze anos. Quando ele fez o gesto diante da minha boca, selando-a com a sua, tapou-a por completo. Ali, o crepúsculo se instalou no meu coração e eu me afeiçoei a ele. Não que compreendesse totalmente aquele claro quase negro; imaginei que fosse um contacto com o gosto de um avô ou talvez de um pai para a sua criança, neta ou filha. Era um beijo molhado, duro e maduro, com um sabor velho, de um homem já curvado pelo caminho da morte.

A pressão aumentou. Na segunda vez, eu tinha doze anos. Ele mexeu na minha carne, finas e macias, ainda vermelhas, que procuravam palavras para brincar com ábacos, bonecas, cadernos, lápis de cor, tablets, etc. Eu estava na idade de ver a Branca de Neve, mas, infelizmente estava na companhia de um homem “anão” que me cobria o corpo com as suas mãos vazias de medo, avassalador na busca dos segredos de uma mulher, ou melhor, de uma criança.

Ele encostou a sua boca outra vez. Lembro-me claramente de que foi numa tarde véspera da chegada de junho. Pediu à minha mãe que me levasse ao parque isolado da cidade no primeiro dia do mês. Era carinhoso, manhoso e gentil. Quando encostava a sua boca na minha, ia fundo, e eu, adolescente ainda, sentia dificuldade em respirar. Ele era a ginástica consciente num corpo novo, e eu me acostumava ao beijo do presidente, tão fundo e tão profundo como ele dizia:

— Minha menininha, minha filhinha, largada na estrada de amargura.

Meu pai partiu para Angola na época da especulação imobiliária e nunca voltou. Dois anos e sete meses depois, enviou uma procuração para casar com a minha mãe para garantir alguns bens. No entanto, ao abrir a procuração, descobrimos que era para ele se casar com a melhor amiga da minha mãe, criada no quintal dos pais dela. Gentilmente ela entregou a carta e comentou. - É assim a vida, hoje eu perdi.

— Que mulher — dizia ele, quando o presidente ouvia a história. Nunca compreendi o motivo de tanto elogio à mulher que deixou a minha mãe tão infeliz.

— Senhor presidente, não vai prender mais os meus fôlegos? — perguntei numa das reuniões entre ele e os homens da cidade que decidiam sobre água e pão. Eles comiam queijos, enquanto as migalhas eram limpas por pessoas como a minha mãe, que vivia num quarto do quintal da casa do presidente. Eu, em outro quarto com duas chaves — uma com o guarda-governador e outra com o presidente —, via-o voltar e beijar os meus seios demoradamente, usando a língua e as palavras ditas em todos os palcos do mundo, esperando que, nesses cinco anos que me consumiram, ele me dissesse, por exemplo:

— Te amo tanto, mulher. Nem que me dissesse, você é a minha ameaça criança.

Nunca dizia isso, mas eu nutria essa expectativa. Todos os beijos saíam daquela boca velha, de um populista do canto da sala, humilde, astuto e experiente a dançar em cima do mundo, sem jamais revelar seu amor. Quando fiz dezesseis anos, ele entrou no meu quarto, abriu uma parte do armário de roupas com um espelho grande e me despiu. Foi uma grande felicidade.

— É hoje que finalmente consumaremos o nosso amor — disse eu, ansiosa.

Previ o dia em que perderia a minha intimidade, tão aguardada por ele, tão criada e conservada, tão longe da boca do povo e de olhares dos homens. Não que desejasse outros rapazes; aos quinze anos, em casa, via a rua através da janela, observando o que as garotas brincavam na praça, brincar de crianças para mim, era um decreto presidencial com beijo e salgado profundo sal. Tudo me era oferecido pelo presidente muito ausente. Ouvia histórias da rua, mas preferia ver a lua nos ombros do presidente ao voltar para casa, cheirando a cigarros caros e whisky velho. Ficávamos no telhado do sótão, enquanto a minha mãe nos observava por trás.

— Acho que ela gosta do presidente desde que ele nos encontrou há três noites na rua de Contaminobo tinha onze e ele parecia um homem de sessenta, nós com sacos de roupas, uma mesa velha de pé quebrado, e um pote de barro deixado pelo meu pai. Ele parou à nossa frente, desceu o vidro da viatura e nos perguntou:

— O que fazem a essas horas na perigosa estrada de Contaminobo?

A minha mãe, angustiada e desesperada, queria responder estupidamente, mas toquei-a no braço para acalmá-la.

— A minha mãe acabou de cair na desgraça, foi tomada pelo infortúnio da vida, senhor.

Ele não era homem de rodeios; ordenou aos guardas suíços que recolhessem os nossos pertences.

— Quem é o senhor? Acham que podem tudo com as mulheres?

A mágoa da minha mãe tentou estragar a bondade daquele homem, mas ele sempre foi um cavaleiro com um certo tipo de latim. Desceu e se aproximou mais, e a minha mãe o reconheceu como o presidente de todas as embaixadas do arquipélago de Coqueiro e arredores.

— Então é o senhor?

-Depende como a senhora vê este senhor.

— Então é o senhor? — A minha mãe perguntou novamente, uma mistura de surpresa e resignação nos olhos.

— Sim, completamente, senhora. — O presidente respondeu com uma leve inclinação da cabeça, seu tom cheio de uma autoridade serena.

O seu olhar era firme e compassivo, mas escondia uma profundidade que desafiava qualquer tentativa de compreensão simples. A sua presença era uma fusão de poder e benevolência, de um homem que sabia como manipular as sombras do poder para obter o que desejava.

Minha mãe, acalmada pela revelação, se esforçou para exibir um sorriso forçado. Naquele momento, parecia que a sua raiva se dissolvia, substituída por uma aceitação silenciosa. Ao lado do presidente, eu podia ver a minha mãe de uma maneira nova — uma mulher que, apesar das adversidades, ainda carregava uma dignidade silenciosa.

— Senhor presidente, para onde nos levará? — A minha mãe perguntou, a voz agora suave e cheia de um misto de curiosidade e esperança.

— Aos meus aposentos secretos no campo. Lá terão tudo o que precisam. — Ele respondeu, a sua voz denunciava uma promessa que parecia tanto um refúgio quanto um confinamento.

A viatura deslizou por caminhos sinuosos, serpenteando através de uma paisagem noturna que parecia engolir-nos em sua escuridão. Eu observava pela janela, o cenário passando em um borrão de sombras e luzes distantes. A minha mãe, atrás de mim, parecia perdida em seus próprios pensamentos, as palavras do presidente pairando no ar como uma promessa e uma advertência.

Quando chegámos à casa de campo, o presidente abriu a porta da viatura e, com um gesto cuidadoso, me ajudou a sair. A sensação das suas mãos nas minhas era simultaneamente confortante e desconcertante. Olhei para ele, tentando decifrar a complexidade dos seus sentimentos.

— Aqui estamos — ele disse, a voz suave, mas carregada de um significado que eu ainda não compreendia totalmente.

A casa do campo era uma construção elegante e antiga, rodeada por um jardim que parecia ter sido retirado de um conto de um livro achado no museu da memória. À medida que entrávamos, o ambiente parecia envolver-nos em um abraço acolhedor e ao mesmo tempo opressivo. O presidente levou-nos a um salão ricamente decorado, onde a luz das velas lançava sombras dançantes nas paredes e a sombra dele se refletia na parede como se fosse um lobo faminto, senti medo.

Minha mãe e eu nos acomodamos em uma das salas, enquanto o presidente nos observava com uma intensidade que eu não conseguia decifrar. Havia algo de quase etéreo na sua presença, uma aura de poder e tristeza que parecia penetrar o espaço ao nosso redor.

Naquela noite, enquanto o silêncio da casa do campo envolvia-nos, eu não conseguia deixar de refletir sobre a estranha ironia da nossa situação. A promessa de um refúgio era também um lembrete constante da nossa dependência dele. A casa era um espaço de segurança e uma prisão ao mesmo tempo, um local onde o passado e o presente se entrelaçavam de maneiras complicadas.

Quando o presidente se aproximou de mim, um pouco mais tarde, a sua presença era marcada por uma ternura inesperada. Ele parecia olhar para mim não apenas como uma figura de seu poder, mas como uma alma perdida que ele havia tentado compreender e perseguir ao longo dos anos.

— E então, como está, minha menininha? — Ele perguntou, a voz carregada de uma doçura que contrastava com a sua imagem pública.

— Estou bem, senhor — respondi, tentando ocultar a confusão e a insegurança que sentia, mas no fundo dos seus olhos morava turbilhão de sangue e fogo, eu vi ele devorando toda as existências dele mesmo.

— Você tem se tornado uma jovem admirável — ele continuou, com um olhar que misturava orgulho e um certo tipo de tristeza.

Naquele momento, as palavras dele pareceram preencher o vazio que eu sentia. Era como se ele estivesse tentando reconciliar a imagem que tinha de mim com a realidade da nossa relação complexa madura e infantil.

Os dias seguintes foram marcados por uma rotina de visitas e encontros, onde o presidente continuava a mostrar uma preocupação paternal que eu não sabia se era genuína ou uma forma de exercer controle. A cada dia, ele parecia mais presente, mas também mais distante, como se estivesse lutando contra um mar de emoções contraditórias. Dias depois ele foi embora e da porta de casa vi eles a desaparecerem nos meus olhos. Do tempo que ele foi embora cresci e desenvolvi uns cinco anos só para ele, para senti-lo , para me sentir.

......parte I

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Dexam Sabi Cabo Verde: "A minha Inocência foi Roubada pelo Presidente"
"A minha Inocência foi Roubada pelo Presidente"
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