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Protesto Contra o Amor - por Mario Loff

Morri várias vezes por dentro por causa do amor, até que aprendi a fazer uma grande manifestação contra o próprio amor.

 Protesto Contra o Amor

Era uma manhã como tantas outras, e lá estava eu no autocarro, um daqueles que chegam abarrotados de gente de todas as ilhas, como se o próprio veículo fosse um arquipélago em movimento, carregando consigo o murmúrio das variações da língua cabo-verdiana. Eu, sentado no fundo, sempre fui atraído pelas conversas dos mais velhos, essas vozes que parecem sombra que espalha pela vida e o de um tempo em preto e branco, de um passado que, de tão distante, se tornou quase mítico. Há uma profundidade na nostalgia que os envolve, uma sabedoria silenciosa que me cativa. Ali, naquele autocarro, parecia que o mundo dos que já viveram muito se revelava, entrelaçando histórias de tempos idos, de amores e desilusões, num tecido de vidas que, apesar de tantas quedas, sustentavam-se com dignidade. É curioso, mas as duas senhoras, um é branca e a outra preta.

Duas senhoras, sentadas duas cadeiras à frente, conversavam animadamente, matando o tempo perdido. Eram mulheres na casa dos sessenta anos, já reformadas, libertas dos tormentos da alma e das memórias mal resolvidas. A senhora de pele clara, do Mindelo, iniciou a conversa relembrando o Mindelo de outrora, com suas fábricas de peixe e a criação de animais que abasteciam as outras ilhas, mas logo a conversa chegou ao antigo amor. "Eu tinha treze anos e ele, quinze. Vocês dois se amavam, Amélia!" — afirmou a outra senhora, com um tom de cumplicidade que só os anos de amizade podem forjar.

Amélia, a senhora de Mindelo, suspirou profundamente, como quem desenterra uma memória há muito guardada. "Eu me maltratei muito por causa dele," começou, com uma voz que misturava dor e uma certa ironia. "Morri várias vezes por dentro por causa do amor, até que aprendi a fazer uma grande manifestação contra o próprio amor."

"Mas como assim?" — perguntou a amiga, intrigada.

"Resolvi viver," continuou Amélia, agora com uma certa altivez. "Passei a ir às discotecas, de manhã faço exercícios físicos, limpo a casa, canto em voz alta, e enfureço os homens que me corriam atrás, querendo me possuir." Ela sorriu, um sorriso que trazia uma mistura de triunfo e resignação.

A outra senhora assentiu, compreensiva. "Bem, no meu caso, eu fiquei com o meu companheiro, e até que no ano passado, depois de termos criado os nossos cinco filhos, resolvemos nos divorciar." que coragem respodeu a Amelia. 

"Menina, uhn, depois dos sessenta?" — perguntou Amélia, surpresa.

"É, menina, depois dos sessenta é que devemos voltar a desaprender e aprender a viver novamente," respondeu a amiga, com uma serenidade que só o tempo pode conferir.

O autocarro seguia o seu percurso, mas para mim, a viagem já não era apenas física. Eu estava imerso naquela troca de confidências, absorvendo cada palavra como uma lição sobre a vida, o amor, e as escolhas que fazemos ao longo do caminho. Amélia, agora com os olhos perdidos em algum ponto distante, tirou um lenço da bolsa e começou a contar uma parte da sua história que nunca saíra de seu pensamento.

“Ainda hoje, guardo na memória como um relicário aquele dia em que o sol, despontando no horizonte, trouxe consigo um prenúncio de júbilo e celebração. A nova da chegada de uma procuração de casamento, vinda das distantes terras holandesas, percorreu nossa vila como um sussurro de esperança. E, como manda a tradição que nos envolve em laços de afeto e reverência, a ocasião haveria de ser acolhida com a mais pura exultação. Ao porto, partiu o grupo de batucada, onde tambores pulsavam como o coração da própria terra, ressoando um ritmo ancestral que se fundia ao cântico das vozes e ao suave entrelaçar das palmas. Sob a luz diáfana do alvorecer, as pessoas vestiam-se em seus melhores trajes, e um cortejo formou-se, dançando ao compasso de uma alegria quase palpável, como uma melodia que se desdobrava pelos becos e ruas em direção ao âmago da cidade.

Eu e minha mãe, embevecidas pela expectativa, sentávamos à soleira de nossa casa. Os corações, acelerados pelo anseio, batiam em uníssono com os tambores que espalhava pela alma da vila. Sorrisos repousavam em nossos lábios, enquanto as mãos, entrelaçadas em prece muda, aguardavam que a tão ansiada missiva trouxesse consigo o selo do meu destino. As mulheres do cortejo, como flores em movimento, acenavam para nós, e o som da batucada nos envolvia como um manto de ternura, embriagando-nos com a promessa do que estava por vir. Contudo, quando o agente do cartório, em seu caminhar firme e resoluto, surgiu à frente do cortejo, não deteve seus passos diante de nossa porta. Prosseguiu, inflexível, rumo à morada vizinha. E foi nesse instante que, embora o meu coração conhecesse o tênue sabor do desapontamento, a doçura da ocasião não se perdeu. Pois a carta, afinal, destinava-se à menina Célia. Mesmo assim, no âmago do meu ser, não pude conter a efusão de alegria que compartilhava com toda a vila, naquela comunhão de almas onde cada conquista era celebrada como um tesouro partilhado.

A vila inteira reverberava em júbilo, e, ainda que a carta não trouxesse meu nome, aquele instante sublime revelou-me a beleza e a força de nossa comunidade, mas em mim a deceção e raiva me habitou por muito tempo, e regava com algum álcool. 

"Essa parte nunca me contaste!" — exclamou a amiga, surpresa.

"Bem, agora já contei," respondeu Amélia, com uma calma que só o passar dos anos pode trazer. "Aquele ato me provocou a minha primeira morte de amor. Eu andei com ele por todos os cantos do Mindelo, brincávamos nos pardieiros, apanhávamos água nos chafarizes, à noite íamos juntos ver televisão na casa do Venâncio. Eu amava ele, e qualquer pessoa que nos visse sabia que ele me amava também."

"O que mais aconteceu, Amélia?" — perguntou a amiga, com os olhos já brilhando de curiosidade.

"Quando ele foi mandado os papéis para ir ter com a família na Holanda, me deixou grávida," disse Amélia, com uma voz carregada de memórias dolorosas.

"Uhn, agora entendo porque de repente não te vi mais na cidade."

"Não porque eu queria, mas porque a minha mãe foi viver no interior. Na ida, a viatura capotou e ela morreu. Eu acordei num centro de saúde. Depois de sete meses, a minha filha nasceu e eu a entreguei a um casal que disse que ia voltar para a ilha de Santiago. Aquilo foi a última vez que protestei contra o amor."

O silêncio tomou conta do autocarro. Eu pensava ser o único a ouvir as senhoras transformarem aquela manhã num momento de revelação e espanto, ao partilharem suas histórias de vida. As duas cruzaram as mãos e se observaram com uma compreensão silenciosa. Amélia, agora mais serena, disse para a amiga: "Eu já me arrumei por dentro, arrependi-me de tudo o que fiz, mais ainda quando soube que ele, depois de casar com a minha vizinha, foi para a Holanda e se casaram na igreja."

"E ela soube que estavas grávida?" — perguntou a amiga, com um tom de preocupação.

"Ela sabia, e acho que disse ao Armindo que eu estava grávida. Só que ele, burro como era, achou que fosse do outro. Passei a saber disso depois de o ver vinte anos depois," contou Amélia, com uma leve tristeza na voz.

"E o que ele disse sobre a criança de vocês?" — perguntou a amiga, ansiosa por saber o desfecho.

"Que eu dei a um casal de Santiago para criar," respondeu Amélia, com uma firmeza que só o tempo pode moldar.

"Menina, tens coragem!" — exclamou a amiga, admirada.

"Eu não tinha, mas o amor nos transforma. O amor é um dos atos frágeis que mais conserta as pessoas," respondeu Amélia, com um sorriso resignado.

O autocarro estava quase a chegar à paragem, mas o condutor, atento, observava as duas senhoras no espelho frontal que permitia ver o fundo do autocarro. Levantei-me, esperando que o autocarro parasse, mas ainda ouvi Amélia dizer em voz baixa à amiga: "Ele teve seis filhos com ela na Holanda, e só um era realmente dele, um rapaz. E a minha filha que tivemos é aquela que mais se parece com ele. Neste momento, estou a caminho do hospital para vê-los."

"Uhn, então a tua filha é a médica que acabou de chegar à cidade e cuida dos acamados abandonados pelas famílias?" — perguntou a amiga, agora com um tom de surpresa misturado com admiração.

"Sim, mas ele não foi abandonado. Ele saiu de casa à minha procura, fui eu que o abandonei," respondeu Amélia, com um ar de melancolia.

A porta do autocarro se abriu, e eu desci, levando comigo não só as minhas lembranças, mas também as memórias de Amélia e da sua amiga. Naquele breve trajeto, aprendi que a vida, com todas as suas voltas e reviravoltas, é feita de histórias que, por mais dolorosas que sejam, moldam quem somos. E que, no final, é a coragem de viver — e de amar — que nos molda até tornado-nos feios com ganas de nos ver uns aos outros com certa pena. Mas só olhar sem sentir. 

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Dexam Sabi Cabo Verde: Protesto Contra o Amor - por Mario Loff
Protesto Contra o Amor - por Mario Loff
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