a liderança de JHA, ficou marcada pelas as atitudes peremptórias, extremadas, e unilaterais, envolvendo a exclusão, a inflexibilidade e a recusa do diálogo
Quebrando o silêncio…
Análise estratégica dos resultados eleitorais e o exercício de formulação de "novos caminhos" de futuro para o PAICV.
Na sequência e na consequência dos resultados eleitorais das eleições legislativas, autárquicas e presidenciais, o Partido Africano da Independência de Cabo Verde, pelas elevadas responsabilidades que detém no sistema político cabo-verdiana e na sociedade em geral, deve, com sentido de oportunidade, proceder a um debate genuíno e profundo, em todos os órgãos, organismos e estruturas do Partido e , subsequentemente, entre ele e sociedade civil organizada, sem “faxi faxi, sem foga djogo”.
O debate deve visar e identificar algumas das causas e factores que conduziram aos resultados eleitorais absolutamente desfavoráveis ao nosso Partido. Por outro lado, os contributos recolhidos e sistematizados, devem servir para a definição de linhas de ação políticas que permitam ao Partido ir aperfeiçoar e aprofundar a sua intervenção política na sociedade cabo-verdiana , indo ao encontro das necessidades e expectativas das pessoas e das comunidades e em busca de mais justiça e equidade.
1. Quais as Razões que concorreram para o revés eleitoral
Terão seguramente sido vários e de natureza diversa os factores que concorreram para a derrota eleitoral do PAICV nas ultimas eleições de 2016. Pode-se centrar a análise nos factores cuja origem é consequência da actuação do Partido e do seu Governo ou naqueles que decorrem das circunstâncias que transcendem o Partido. Podem atribuir-se pesos relativos, diferentes a uns e a outros, de acordo com as ferramentas de análises, crenças e convicções de cada um, mas uma coisa afigura-se certa: Só poderemos melhorar e evoluir positivamente em relação aos aspectos que dependeram e dependerem ainda das acções do Partido, da sua liderança e não de factores que lhe são exteriores e à sua esfera de intervenção.
Senão vejamos e vamos aos factos:
Completa desadequação de estilo, de linguagem política, erros crassos de formulação de processos de escolhas de candidatos em praticamente todos os círculos eleitorais e de algumas posições públicas . Quanto as declarações públicas, elas na maioria das vezes reativas, defensivas, despidas de intencionalidades políticas e com interlocutores sem autoridade política e credibilidade. ( a questão da mensagem e do mensageiro)
Em geral, a liderança de JHA (e o seu triângulo de vices, segundo a voz de rua, é caracterizado e caricaturizado, como sendo o trio do "mudo, gago e salbaxe", ou por outras palavras, "nka obi, nka sabi, nka mati") , dizia que a liderança de JHA, ficou marcada pelas as atitudes peremptórias, extremadas, e unilaterais, envolvendo a exclusão, a inflexibilidade e a recusa do diálogo, elementos que foram lidas como pouco adequadas a um desempenho político ponderado e responsável, na visão de milhares de cidadão eleitores e, sobretudo na classe média. Basta citar alguns exemplos, designadamente, a rotura abruta do processo negocial sobre a reforma do Parlamento, a liderança e o financiamento de manifestação de rua contra o Parlamento, ataque visceral nas redes sociais contra os deputados do PAICV e o Primeiro Ministro, a colocação do Conselho de Ministros sobre "guerrilha" para ascensão ao posto de vice- primeira ministra ou ministra do Estado, a divulgação na praça pública de alguns dossiers sensíveis discutidos somente nos Conselhos de Ministros, o ataque, sob o anonimato, nas redes socias contra de vários dirigentes e membros do Governo, etc, etc, etc.
Ora, a sociedade civil, os cidadãos comuns , os eleitores tradicionais do PAICV com ideias de justiça social e habituados às lideranças sensatas e com profundo sentido de Estado, demonstraram reiteradamente nada querer com posições extremadas e afastadas do que o senso comum identifica como posições equilibradas e de bom senso. Aqui a JHA falhou rotundamente.
Essa massa de eleitores e os eleitores jovens, tradicionalmente votantes do PAICV, quiseram ver no PAICV a sua matriz por uma atitude política dialogante, construtiva, e equilibrada, mas ao mesmo tempo intransigente na defesa de equidade, justiça e interesse do Nacional acima de ganhos imediatista de qualquer liderança emergente. Aqui a JHA matou a si própria e desferiu um duro golpe ao PAICV.
Foram estes, em minha opinião, os factores que mais contribuíram para o afastamento dos eleitores maioritariamente do PAICV, a perda de identidade e confiança, as enormes incertezas, os ruídos, os " infantilismos”, que a liderança de JHA introduziu na vida do partido e na sociedade.
O núcleo duro de JHA, mostrou-se demasiado reactivo e menos proactivo do que seria necessário, projectando uma imagem de interlocutor belicoso, que alinha demasiadamente na picardia política, nas bacatelas politicas, no esquema de intrigas e, por isso, ficou sem tempo disponível e ou com pouca disponíbilidade para o diálogo político genuíno, o que levou a que não se conseguisse afirmar como fazendo parte das forças políticas que concorrem para encontrar caminhos alternativos viáveis e credíveis para o país.
Felisberto Vieira - Filu, 5 de novembro 2016
Análise estratégica dos resultados eleitorais e o exercício de formulação de "novos caminhos" de futuro para o PAICV.
Na sequência e na consequência dos resultados eleitorais das eleições legislativas, autárquicas e presidenciais, o Partido Africano da Independência de Cabo Verde, pelas elevadas responsabilidades que detém no sistema político cabo-verdiana e na sociedade em geral, deve, com sentido de oportunidade, proceder a um debate genuíno e profundo, em todos os órgãos, organismos e estruturas do Partido e , subsequentemente, entre ele e sociedade civil organizada, sem “faxi faxi, sem foga djogo”.
O debate deve visar e identificar algumas das causas e factores que conduziram aos resultados eleitorais absolutamente desfavoráveis ao nosso Partido. Por outro lado, os contributos recolhidos e sistematizados, devem servir para a definição de linhas de ação políticas que permitam ao Partido ir aperfeiçoar e aprofundar a sua intervenção política na sociedade cabo-verdiana , indo ao encontro das necessidades e expectativas das pessoas e das comunidades e em busca de mais justiça e equidade.
1. Quais as Razões que concorreram para o revés eleitoral
Terão seguramente sido vários e de natureza diversa os factores que concorreram para a derrota eleitoral do PAICV nas ultimas eleições de 2016. Pode-se centrar a análise nos factores cuja origem é consequência da actuação do Partido e do seu Governo ou naqueles que decorrem das circunstâncias que transcendem o Partido. Podem atribuir-se pesos relativos, diferentes a uns e a outros, de acordo com as ferramentas de análises, crenças e convicções de cada um, mas uma coisa afigura-se certa: Só poderemos melhorar e evoluir positivamente em relação aos aspectos que dependeram e dependerem ainda das acções do Partido, da sua liderança e não de factores que lhe são exteriores e à sua esfera de intervenção.
Senão vejamos e vamos aos factos:
Completa desadequação de estilo, de linguagem política, erros crassos de formulação de processos de escolhas de candidatos em praticamente todos os círculos eleitorais e de algumas posições públicas . Quanto as declarações públicas, elas na maioria das vezes reativas, defensivas, despidas de intencionalidades políticas e com interlocutores sem autoridade política e credibilidade. ( a questão da mensagem e do mensageiro)
Em geral, a liderança de JHA (e o seu triângulo de vices, segundo a voz de rua, é caracterizado e caricaturizado, como sendo o trio do "mudo, gago e salbaxe", ou por outras palavras, "nka obi, nka sabi, nka mati") , dizia que a liderança de JHA, ficou marcada pelas as atitudes peremptórias, extremadas, e unilaterais, envolvendo a exclusão, a inflexibilidade e a recusa do diálogo, elementos que foram lidas como pouco adequadas a um desempenho político ponderado e responsável, na visão de milhares de cidadão eleitores e, sobretudo na classe média. Basta citar alguns exemplos, designadamente, a rotura abruta do processo negocial sobre a reforma do Parlamento, a liderança e o financiamento de manifestação de rua contra o Parlamento, ataque visceral nas redes sociais contra os deputados do PAICV e o Primeiro Ministro, a colocação do Conselho de Ministros sobre "guerrilha" para ascensão ao posto de vice- primeira ministra ou ministra do Estado, a divulgação na praça pública de alguns dossiers sensíveis discutidos somente nos Conselhos de Ministros, o ataque, sob o anonimato, nas redes socias contra de vários dirigentes e membros do Governo, etc, etc, etc.
Ora, a sociedade civil, os cidadãos comuns , os eleitores tradicionais do PAICV com ideias de justiça social e habituados às lideranças sensatas e com profundo sentido de Estado, demonstraram reiteradamente nada querer com posições extremadas e afastadas do que o senso comum identifica como posições equilibradas e de bom senso. Aqui a JHA falhou rotundamente.
Essa massa de eleitores e os eleitores jovens, tradicionalmente votantes do PAICV, quiseram ver no PAICV a sua matriz por uma atitude política dialogante, construtiva, e equilibrada, mas ao mesmo tempo intransigente na defesa de equidade, justiça e interesse do Nacional acima de ganhos imediatista de qualquer liderança emergente. Aqui a JHA matou a si própria e desferiu um duro golpe ao PAICV.
Foram estes, em minha opinião, os factores que mais contribuíram para o afastamento dos eleitores maioritariamente do PAICV, a perda de identidade e confiança, as enormes incertezas, os ruídos, os " infantilismos”, que a liderança de JHA introduziu na vida do partido e na sociedade.
O núcleo duro de JHA, mostrou-se demasiado reactivo e menos proactivo do que seria necessário, projectando uma imagem de interlocutor belicoso, que alinha demasiadamente na picardia política, nas bacatelas politicas, no esquema de intrigas e, por isso, ficou sem tempo disponível e ou com pouca disponíbilidade para o diálogo político genuíno, o que levou a que não se conseguisse afirmar como fazendo parte das forças políticas que concorrem para encontrar caminhos alternativos viáveis e credíveis para o país.
Felisberto Vieira - Filu, 5 de novembro 2016
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