Desabafo nas redes reacende debate sobre qualidade dos serviços de saúde em Cabo Verde
Axah Eliane Vieira denuncia caos no sistema de saúde nacional após horas de espera com o filho doente
A cidadã Axah Eliane Vieira utilizou a sua página de Facebook para fazer um desabafo que rapidamente ganhou repercussão nas redes sociais, expondo mais uma vez a dura realidade enfrentada por muitos cabo-verdianos no acesso aos serviços de saúde.
Segundo o relato, tudo começou na manhã de ontem, por volta das 10h, quando Axah se dirigiu ao Centro de Saúde de Tira Chapéu com o filho para uma consulta pediátrica. No local, foi informada de que havia apenas uma pediatra de serviço e que o espaço já se encontrava lotado. Diante da situação, decidiu seguir para o Hospital Universitário Agostinho Neto, acreditando que encontraria melhores condições.
No entanto, ao chegar, o cenário não foi diferente. Apesar de existirem três pediatras de serviço e menos pacientes em relação ao centro de saúde, o atendimento demorou longas horas. Axah relatou que, após a triagem às 11h, permaneceu aguardando até às 17h sem ser atendida, juntamente com outros pacientes que possuíam a pulseira verde. Segundo ela, “só nove pacientes tinham sido atendidos até aquele momento”.
A situação agravou-se quando uma enfermeira chefe informou que o sistema estava fora do ar, impossibilitando a continuidade dos atendimentos. Diante do caos, muitos pacientes optaram por regressar a casa. Axah, contudo, decidiu permanecer, uma vez que o filho já enfrentava três dias consecutivos de febre.
Após quase nove horas de espera, foi finalmente atendida por uma médica, realizou o raio-X e voltou a esperar até receber o diagnóstico de pneumonia, por volta das 22h.
Num tom de frustração e indignação, a cidadã direcionou o seu apelo ao Ministério da Saúde e ao Primeiro-Ministro José Ulisses Correia e Silva, sublinhando que “a única coisa que realmente funcionou no sistema de saúde é a isenção da taxa para menores de 5 anos”.
Axah encerrou a sua publicação com um pedido direto:
“Olhem para o sistema de saúde desse país. Forneçam um servidor capaz de manter o sistema em constante funcionamento. De certeza que o servidor da casa parlamentar não falha, nem o das vossas casas. Façam-nos o favor de implementar o mesmo servidor no Hospital Universitário Agostinho Neto. O povo também merece um serviço de qualidade.”
O desabafo de Axah reacende o debate sobre as falhas estruturais no sistema de saúde pública, especialmente no que diz respeito à gestão tecnológica e à capacidade de resposta dos hospitais nacionais.

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