O sonho de Platiny Alves terminou abruptamente em 2016
A HISTORIA POR DETRÁS DA NOTICIA
Em Outubro de 2015, depois de excelentes exibições ao serviço do Gil Vicente, Onda Kriolu escrevia que Mário Lopes Alves, vulgo Platiny, era seguramente um dos jogador a ter em conta como potencial Tubarão Azul.
Veloz, tecnicamente evoluído e com grande capacidade de finalização, esse médio ofensiva que na altura teria 19 anos de idade tinha tudo para singrar no mundo do futebol. Mas não.
O sonho de Platiny Alves terminou abruptamente em 2016 quando alguém anonimamente o denunciou no SEF (Serviço de Emigração e Fronteiras de Portugal) por falsificação de documentos. Passaporte e registo criminal.
O Gil Vicente imediatamente lhe anulou o contrato e quatro anos depois Platini e o seu agente cabo-verdiano estão agora a ser julgados num tribunal de Braga por crimes de falsificação de idade, falsas declarações e auxilio à imigração ilegal. Platini provavelmente recebera ordem de expulsão, devendo regressar à terra que a viu nascer e que deixou em 2013 em busca do eldorado europeu.
“NUNCA TINHA VISTO UM PASSAPORTE NA MINHA VIDA”
E o que diz Platiny, ele e que não entende muito bem como é que entrou nesse complicado enredo. Para entender sua historia temos que remontar à sua infância e ao seu amor pelo futebol.
Platiny nasceu pobre na ilha do Fogo e foi criado na ilha de São Vicente pelos avós, pela mãe e pelo padrasto. Só mais tarde é que alguém lhe disse quem era o pai biológico, entretanto cegado pela doença. Como tinha jeito para a bola, desistiu de estudar e deu nas vistas num torneio local. Diz que foi eleito o melhor jogador e que, logo ali, um italiano e um alemão foram ter com ele, prometendo-lhe um clube na Europa. Só se lembra do nome do alemão, a quem chamava Ivo, e foi este quem lhe fez a cabeça para deixar Cabo Verde. O Ivo ia tratar de tudo: passaporte, documentos, passagens, viagem de avião, futuro garantido — o sonho encapsulado num voo.
A tarefa de Platiny era convencer a mãe a deixá-lo ir, e o momento em que ela o proibiu de deixar Cabo Verde foi o momento em que ele fugiu de casa. De São Vicente para Santiago, de Santiago para São Vicente, de São Vicente para Lisboa. “Fiz aquela coisa de pôr os dedos [impressões digitais], deram-me o bilhete, e aterrei no aeroporto.” Nunca mais viu o italiano ou ou alemão. À sua espera estava um homem com uma placa a dizer Platiny, mas não acreditou que fosse para ele. Mas era.
DO SONHO AO PESADELO
Depois de fazer testes na Academica de Coimbra e no FC Porto Platini finalmente foi aceite no Gil Vicente, muito por influencia do seu compatriota Ze Luis e o do influente empresário cabo-verdiano João José, que o ajudou a ingressar no clube.
Aparentemente Platiini e seu empresario “cortaram” na idade do jogador, permitindo-lhe atuar num campeonato de juniores. 500 euros mensais e um teo para morar, mas a felicidade nao durou muito. “Quando a gente está a ir bem na vida aparece sempre algo de errado que estraga tudo.” –diz Platini, lamentando a forma “pior de que cão” como foi tratado depois da denuncia, uma denuncia que literalmente destruiu sua carreira.
O FUTEBOL É UM MUNDO DE MENTIRA
O que diz Platini, ele que talvez foi obrigado a mentir. Mas esta historia não e só dele : Há muitas outras semelhantes em que só mudam os nomes e os tempos. São miúdos cabo-verdianos que caem no engodo de alguém que lhes prometeu o eldorado europeu e arriscam tudo para poderem ser o Nani. Ou o Zé Luís. Uns ganham, outros perdem. Este rapaz de brincos, ondas tatuadas no antebraço e com uma orgulhosa cabeleira afro está por enquanto no grupo dos derrotados, mas quem sabe? Quem sabe ainda pode realizar o seu sonho? fonte:ok
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