Abraão Vicente fala sobre manifestação os agentes culturais
MCIC considera que a manifestação dos agentes culturais foi, em parte, uma farsa - reportagem tcv
No dia 15 Abraão Vivente partilhou na sua pagina...
Cultura de um povo não morre ( Acto I)
O papel dos artistas e dos criadores não é ser solidário com o governo ou com o estado. O papel da arte e dos artistas é provocar rebelião e pensamento crítico que sejam luz e caminho para novas soluções. O papel dos artistas é ter pensamento critico e pensamento critico implica analisar todas as variáveis. Implica honestidade intelectual, implica retidão de valores, implica clareza dos interesses, implica ter sempre em conta o contexto e a realidade do país. A cultura de um povo não morre. Nunca morre.
Cultura de um povo não morre (Acto II)
A manifestação de ontem colhe da minha parte a maior das empatias e respeito. Empatia e respeito. Escrevo empatia e respeito, pois, esse diálogo não é apenas com o Governo. Este diálogo é com a sociedade cabo-verdiana em geral. É com a sociedade que enfrenta coletivamente os múltiplos desafios da pandemia. É com a sociedade que está ciente e tem memória do percurso destes últimos 5 anos. É com a sociedade que assistiu ao empenho e ao trabalho abnegado deste governo nos mais diversos sectores da cultura. Resultados palpáveis, indesmentíveis, irrevogáveis falam por si. A soluções para as consequências da pandemia devem ser construídas coletivamente. A cultura de um povo não morre. Nunca morre.
Cultura de um povo não morre ( Acto III )
Empatia e respeito. Pensamento critico. Cultura não se resume ao entretenimento. A declaração da morte e enterro da Cultura cabo-verdiana pelos agentes do entretimento é manifestamente uma noticia exagerada. 561 anos de cultura forjada de muitas lutas, de resistência e resiliência não morre por declaração de interesses económicos de individuos ou de grupos. Ver apenas o curto prazo, ver apenas as circunstancias pessoais de cada um são argumentos frágeis e questionáveis para avaliar o estado da cultura. A cultura não é monopólio nem do governo nem dos agentes culturais. Ninguém pode declarar a sua morte. Quem o faz desrespeita o povo, desrespeita o país e a sua história. Empatia e respeito ao povo cabo-verdiano é o que peço.
Cultura de um povo não morre (Último acto)
A manifestação dos artistas e agentes culturais de ontem é dos factos mais importantes deste mandato. Estive cinco anos a promover debates e a fazer declarações públicas sobre o empoderamento e a formalização do sector. Silêncio. Estive cinco anos a tentar trazer a classe para o debate sobre a necessidade de se aumentar o financiamento do estado através do orçamento do estado. Silêncio. Depois da aprovação do quinto orçamento de estado, o último deste mandato, eis que finalmente os agentes saem à rua. É um primeiro ganho. Demorou cinco anos e uma pandemia para que se desse o clic: "Juntos somos nais fortes". O sector acordou. Meu apelo é que continue acordado."
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