Chorava todos os dias porque me sentia humilhado e abandonado
115 mil cabo-verdianos vivem em total pobreza
NANDO É UM DELES
“Chorava todos os dias porque me sentia humilhado e abandonado mas agora já não me importo. Reviro os contentores de lixo que ficam perto dos minimercados, restaurantes e residências de pessoas ricas, de onde retiro restos de frango, pão, peixe, carne, arroz e um pouco de tudo, porque se não trabalho, nem procuro algo no lixo para comer, vou morrer”.
As palavras de Nando, 30 anos, natural da Praia, denotam um certo conformimo em relação à sua própria condição humana, associado a um sentimento fatalista que o impede de lutar para realizar os seus sonhos. Como muitos jovens da sua idade a sua ideia era trabalhar e construir uma familia, mas o “destino” - diz ele- lhe trocou as voltas e contrariou seus planos, lançando-o para a vida de rua e de amargura.
Nando é o nome e o rosto de um dos 115 mil pessoas que vivem na pobreza extrema em Cabo Verde, como o disse o primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva na semana passada. Um flagelo que o chefe do governo prometeu erradicar em cinco anos, com a criação de um fundo para financiar programas de acelaração de inclusão social e outras politicas para para garantir a ‘ascenção social e economica das familias”.
A ideia de combinar assistência com capacitação nem sequer é nova em Cabo Verde já que o programa Millenium Account havia gasto milhares de contos sem grande resultado. A pobreza em Cabo Verde é estrutural e so uma mudança de paradigma poderá propiciar alguma esperança num amanhã que canta. Estranha-se que num país rodeado de agua por todos os lados e com uma das maiores Zonas Económicas Exclusivas do mundo não se aposte mais na pesca e na industria pesqueira como setores estratégicos de desenvolvimeto.
Estranha-se também que num país que importa quase tudo não invista mais na agricultura e na dessalinização para sair da dependência alimentar. Esses setores – muito mais de que o turismo - impulsionados pelas invações tecnológicas poderiam gerar mihares de postos de trabalho e avultadas receitas não só para as famílias mas também para o estado. Para refletir. Gerar oportunidades, alavancar a educação e amparar grupos vulnerãveis são tarefas do governo, mas tambem é necessario que a sociedade como um todo colabore na procura de soluções viáveis para Cabo Verde. fonte:ondakriolu
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