Infelizmente a pequena Alicia não é única a perder o sorriso na primeira infância vitima da violência domestica.
Morte da Pequena Alicia
A VIOLÊNCIA NO BERÇO E O BERÇO DA VIOLÊNCIA
Castigar fisicamente os filhos em Cabo Verde é coisa desde sempre considerada normal, naturalmente aceitável e ate incentivada pela sociedade.
A agressão física de pais contra filhos só choca quando “ultrapassa o limite” e termina com sangue, ou morte, como no caso de Alicia Vieira, cinco aninhos, que foi estrangulada pelo próprio pai no dia 01 de Junho em Achada leitão ( pai que depois suicidou ) .
Infelizmente a pequena Alicia não é única a perder o sorriso na primeira infância vitima da violência domestica. Varias outras crianças e adolescentes não chegaram à idade adulta porque acidentalmente, ou mesmo de propósito, foram assassinadas por progenitores.
Outras, face aos castigos físicos e psicológicos sofridos em casa, simplesmente suicidam.
De resto muitos adultos guardam no corpo e na alma as sequelas dos abusos físicos e mentais que sofreram no lar materno, o que contribui para fazer deles próprios novos abusadores e violadores. Porque - todos os estudos assim o indicam - os filhos, na idade adulta, tem tendência para imitar os comportamentos dos pais na educação dos próprios filhos. E assim a violência se reproduz. Eternamente.
Por outro lado - todos os estudos também o indica - o ambiente de tensão, terror ou angustia vivida em casa, com a subsequente perda do sentimento básico de segurança que a família devia proporcionar, tudo isso provoca danos permanentes no desenvolvimento da criança para além, é claro, delas assimilarem o uso da violência como método valido para resolução de conflitos.
A transmissão intergeracional da violência poderá também ela estar relacionada com os comportamentos agressivos e violentos de crianças, adolescentes e jovens que hoje fazem tremer os principias centros urbanos de Cabo Verde, especialmente a cidade da Praia.
COMO PARAR O CICLO DA VIOLÊNCIA?
Não é fácil. Primeiro seria necessário identificar e prestar apoio psicológico e terapêutico a essas crianças vitimas de maus tratos diretos e da exposição à violência familiar que os levam a internalizar crenças e valores negativos sobre o que deve ser a relação humana.
As intervenções, com o objetivo final de promover a resiliência, poderiam, a prazo, evitar que essas crianças e adolescentes venham a ter eles próprios comportamentos violentos e que, no futuro, evitem também o uso da violência na educação dos próprios filhos. Essas crianças e adolescentes - filhos da violência - deviam eles também estar no centro dos planos de combate à violência domestica.
Simultaneamente há que sensibilizar os pais, a família e a sociedade em geral que a agressão física não educa. Pelo contrario, o que faz é magoar e amedrontar. E quem obedece por medo não aprende coisa nenhuma. Bater é fácil, dá muito menos trabalho de que educar com palavras ou explicar com paciência porque determinada atitude ou comportamento estão errados . Ou será a violência a arma daqueles que não tem argumento?
Depois são necessárias leis. Leis que previnem pais de baterem nos filhos. Nem uma palmada. Porque é da palmada que um dia se ultrapassa o limite, sabendo que há pais que sentem prazer em bater nos filhos. Assim como há homens que sadicamente sentem prazer em bater na mulher. Só que bater na mulher é crime punido por lei, enquanto bater na criança continua sendo tolerado e por vezes até incentivado.
Costuma-se dizer que criança é futuro. Sim, mas criança é também presente. E é no presente que se deve se esforçar para que não hajam mais casos como a da Alicia, para que crianças não continuem sendo vitimas silenciosas dos próprios pais, pais que teoricamente deviam proporcionar segurança, conforto, amor. E quem ama...quem ama não bate, não machuca, não maltrata, não mata. fonte:ok
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