Cultura Além dos Festivais: Um Chamado pela Autenticidade e Investimento Loca
Texto de Anilton Levy, postado na sua pagina de facebook...
Na vastidão do cenário cultural, onde as notas musicais dançam ao ritmo das emoções e as cores se misturam em uma paleta de expressões, surge um desabafo. Um grito ressonante ecoa pela cidade, desafiando a visão restrita de uma cultura reduzida a meros festivais musicais.
Como um persistente dissidente, eu pressiono repetidamente essa tecla, recusando-me a ser silenciado no sistema que busca sufocar as múltiplas formas de expressão cultural que existem.
Inquieta-me profundamente quando o poder político tenta se apropriar e subjugar as manifestações culturais, desejando intimidar os artistas, usurpar o protagonismo como um cameraman que decide roubar a cena, esquecendo-se de sua função vital de assegurar que todos sejam vistos e aplaudidos. Todos almejam os holofotes, mas para qual propósito?
Afirmei uma vez e reitero agora: a maneira como esses festivais se desenrolam empobrece nossa cidade. A maior fatia dos recursos financeiros investidos nos festivais não permanece em nossas fronteiras. Se destinam cinco mil contos para o festival, míseros cem contos são reservados para os artistas locais, enquanto a maior parte escoa para outras paragens. Nossos talentosos artistas precisam implorar e chorar para subir ao palco, apenas para receberem migalhas ao final. Por quê? Nossos artistas da casa não estão à altura? Por que não se fez nada para potencializar os talentos que brotam de nossas entranhas? Será que não há políticas que visem preparar nossos artistas para pisarem com galhardia e excelência nesses palcos e em outros tantos?
A indústria musical é um celeiro de riquezas, mas apenas colhem seus frutos aqueles que estão devidamente preparados e filtrados por esse sistema. Nada tenho contra os demais, deixe claro, mas meu texto serve para incitar a reflexão e despertar a consciência, a fim de que nos preparemos e invistamos em nossos talentos, para que não sejamos apenas receptores passivos, mas também protagonistas de nossas histórias culturais. Os mesmos cinco mil contos poderiam ser empregados nesse propósito grandioso.
Os detentores do poder não nutrem interesse em potencializar nossas riquezas culturais. Eles anseiam por algo superficial, que apenas satisfaça os anseios do presente, sem planejar um futuro a longo prazo. Estão sempre obcecados com as eleições, acreditando que esses festivais têm o poder de fazer o povo esquecer seus problemas e, assim, elevar-se à categoria de heróis salvadores.
A cultura, entretanto, transcende em muito esses estreitos limites. Ela é um oceano de possibilidades, uma miríade de expressões que pulsam em cada rua, cada canto e cada alma da cidade. A cultura é a essência de um povo, sua voz em meio ao silêncio, sua identidade que se projeta no mundo. Reduzi-la a festivais musicais é subestimar sua magnitude e aprisionar sua beleza em uma caixa apertada.
Portanto, ergo minha voz e afirmo com veemência: a cultura não pode ser resumida a isso! Que nos unamos como guardiões de nossas tradições, como fomentadores de nossos talentos, para que a cultura floresça em toda a sua diversidade e grandiosidade, ultrapassando fronteiras e alimentando almas sedentas por autenticidade e emoção. Que cada nota musical, cada pincelada de cor, cada palavra declamada seja celebrada e reconhecida em sua plenitude. Pois somos feitos de cultura, e ela é muito mais do que um festival passageiro.
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