hoje em dia a profissão de professor está em risco, e escolher uma carreira tornou-se mais difícil do que nunca.
Hoje, dia 23 de abril, celebra-se o Dia do Professor. É um dia em que todos desejamos que se repita muitas vezes, um dia de reconhecimento em vez de chateação. Lembro-me de uma vez ter ouvido um amigo, que é professor, dizer que gosta de dar aulas, mas que se estivesse noutro país seria um palhaço. Parece que ser palhaço é mais valorizado do que ser professor. E é triste notar que, ao longo dos anos, os alunos perdem a alegria à medida que avançam nos estudos. Talvez seja porque hoje em dia a profissão de professor está em risco, e escolher uma carreira tornou-se mais difícil do que nunca.
Ainda diz ele que, quando era jovem, escolheu erradamente, mas apesar das dificuldades, era mais feliz e realizado. Antigamente, ser professor era uma honra para a comunidade, mas hoje em dia evita-se essa profissão a todo custo. Os tempos mudaram e os desafios são diferentes, com a concorrência das novas tecnologias e as mudanças no comportamento dos alunos e dos pais. Mesmo com tantas ferramentas disponíveis para aprender, estuda-se pouco e lê-se ainda menos.
Ser professor e ser um palhaço em outro país sugere uma sensação de desvalorização da profissão de professor em comparação com outras ocupações. Isso pode ser resultado de uma série de fatores, incluindo baixos salários, falta de reconhecimento social e o aumento das expectativas e pressões sobre os educadores.
Perante esta observação, talvez um pouco pessimista sobre a perda de alegria dos alunos à medida que avançam nos estudos, não deixa de ser, também, bastante pertinente. Muitas vezes, o sistema educacional pode se concentrar tanto em metas académicas e resultados que acabam por sufocar a curiosidade natural e a paixão pelo aprendizado nos alunos. Isso pode ser agravado pela pressão dos exames, pelo foco excessivo em conteúdos programáticos e pela falta de espaço para a criatividade e a exploração.
No tempo em que ser professor era mais valorizado e a profissão era considerada uma honra para a comunidade, é compreensível tendo em conta o tempo e o país da altura e do momento. Fica a ideia que quando mais há ganhos e aprendemos, mais mal ficamos citando uma ideia de Carlos S. Mendes, Princezito.
No entanto, é importante reconhecer que os desafios enfrentados pelos professores hoje em dia são diferentes, mas não necessariamente menos significativos. As mudanças tecnológicas, as expectativas dos pais e alunos, e a crescente diversidade na sala de aula são apenas alguns dos desafios que os educadores modernos enfrentam.
Apesar de todos os desafios, muitos professores continuam a dedicar-se apaixonadamente ao seu labor, buscando formas de inspirar e instruir os educandos, mesmo num meio cada vez mais intrincado e exigente. É fundamental reconhecer e apoiar o papel vital que os educadores desempenham na formação das gerações futuras e trabalhar para criar condições que permitam que exerçam o seu trabalho com dignidade, respeito e entusiasmo. Contudo, acho que tem faltado mais aposta na literatura, em especial na leitura, como meio de consumo familiar, e os professores e a comunidade educativa têm um papel fundamental nesse aspeto, tornando as bibliotecas escolares locais de troca e aprendizagem contínua, mas também incentivando as famílias a frequentá-las e acompanhar os filhos nos momentos fora do horário de ensino.
Em Cabo Verde, a literatura sempre desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento e na liberdade do homem da terra. Os professores têm sido figuras centrais nessa nobre missão de ensinar a ler e a escrever, orientando os alunos no caminho do conhecimento para a construção de uma nação próspera. No entanto, houve momentos em que os professores foram traídos, quando deveriam ter avançado para a luta; talvez ali onde se formou uma cratera de desigualdade tenha nascido o primeiro grande embate com nome de progressão na carreira, como sempre, deram o benefício da dúvida e foram enganados.
Lembramos as palavras de Baltasar Lopes da Silva em "Chiquinho", onde um jovem recebe educação formal de um professor, explorando questões sociais e culturais. Os professores, como seres humanos, cometem erros, mas também ensinam lições valiosas. É necessário não perder a integridade e a humanidade, como disse Mr. Antolini a Holden, em "O Apanhador no Campo de Centeio" de Salinger.
Hoje, trago sugestões de leitura, onde os professores são personagens centrais e os alunos testemunham as suas influências. Em "O Sol é para Todos" de Harper Lee, Atticus Finch ensina lições de justiça e coragem. Já em "A História de uma Serva" de Margaret Atwood, o Professor Pieixoto oferece uma perspectiva crítica sobre os eventos narrados. "O Morro dos Ventos Uivantes" de Emily Brontë apresenta o Sr. Heathcliff, um personagem misterioso que influencia profundamente a história. Em "A Sombra do Vento" de Carlos Ruiz Zafón, Fermín Romero de Torres desempenha um papel crucial na investigação do protagonista. E em "O Mundo de Sofia" de Jostein Gaarder, o professor de filosofia Alberto Knox guia a protagonista por questões existenciais e filosóficas.
Enfim, caros professores, são sugestões para celebrar este dia com aventuras e desventuras ganhas e perdidas. Parabéns!
por:Mario Loff
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